Título: Taxas de longo prazo podem ter queda menor
Autor: Beatriz Abreu e Ribamar Oliveira
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/03/2006, Economia & Negócios, p. B1

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, amenizou sua proposta de redução da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), usada nos empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Agora, Mantega já aceita reduzir a TJLP de 9% para 8%, a partir de abril, segundo informou ontem alta fonte do governo. Antes, a proposta de Mantega era a de reduzir a TJLP para 7%.

A nova posição do ministro foi avaliada ontem no governo como uma sinalização mais adequada do desejo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de obter uma queda mais rápida dos juros, sem criar incertezas sobre o futuro da política monetária do Banco Central.

A decisão sobre a TJLP será tomada na reunião de amanhã do Conselho Monetário Nacional (CMN), mas com o cuidado de que as eventuais divergências não sejam explicitadas. Ou seja, Mantega vai negociar antes com os outros dois integrantes do CMN: o presidente do BC, Henrique Meirelles, e o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. "A nova taxa não será decidida pelo voto, mas como deve ser feita dentro de um governo: pela negociação e convencimento", disse uma fonte da área econômica.

Embora a redução seja menor do que aquela defendida inicialmente por Mantega, a taxa de 8% ao ano será uma vitória significativa do novo ministro, pois, como lembraram os mesmos informantes, o Ministério da Fazenda, durante a gestão de Antonio Palocci, resistia a essa queda. O principal opositor era o então secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, que argumentava que uma TJLP menor aumentaria o subsídio nos empréstimos do BNDES.

O argumento central de Mantega a favor da queda mais acentuada da TJLP era de que a expectativa do mercado para a inflação dos 12 meses seguintes estava em queda, assim como o risco país. Esses são os principais fatores para a fixação da TJLP. Levando-se em conta esses parâmetros, a taxa de 9% estaria muito elevada.