Título: BID emprestou US$ 7 bilhões a 26 países no ano passado
Autor: Paulo Sotero
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/04/2006, Economia & Negócios, p. B7

O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) emprestou US$ 7 bilhões a seus 26 países membros tomadores em 2005 - um aumento de 17% em relação ao ano anterior. Como ocorre desde 1993, no ano passado o BID continuou a ser a principal fonte de financiamento multilateral para a América Latina e o Caribe e destinou mais de 50% de seus empréstimos para a redução da pobreza e para os investimentos sociais.

Paralelamente, a Corporação Interamericano de Investimentos, um dos dois braços do BID que apóiam o setor privado, duplicou seus financiamentos para US$ 341,7 milhões. A ampliação do mandato do BID para emprestar ao setor privado está no centro da agenda da reunião de governadores da instituição, que será instalada hoje em Belo Horizonte com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O presidente do BID, o colombiano Luis Alberto Moreno, vê a expansão dos créditos do BID ao setor privado como parte do compromisso da instituição com o que ele chamou de "democracia financeira".

Em entrevista coletiva que concedeu em Washington há dez dias, Moreno disse que o BID quer promover "operações inovadoras de financiamento da educação e de pequenas e médias empresas" e mostrar flexibilidade crescente e capacidade de resposta em suas operações com o setor privado, adotando novos enfoques para o financiamento de infra-estrutura e apoiando "o acesso justo e mais fácil ao crédito" às empresas e aos governos nacionais e subnacionais.

Há, no entanto, um desentendimento básico entre os governos dos vários países latino-americanos, entre eles o Brasil, e dos Estados Unidos, que é o maior acionista individual do banco, sobre como proceder.

Principal tomador, o Brasil quer que a maior abertura para créditos ao setor privado focalize empréstimos em infra-estrutura, com destaque para parcerias público-privadas. Já o governo americano entende que o BID deve privilegiar as pequenas e médias empresas, pois assim estaria ajudando a criar mais empregos no país.

No ano passado, o teto para empréstimos diretos ao setor privado subiu de US$ 75 milhões para US$ 200 milhões. Em circunstâncias excepcionais, o banco pode emprestar até US$ 400 milhões para uma operação do setor privado sem garantia soberana. Os empréstimos diretos e garantias do BID ao setor privado sem garantia de governos somaram US$ 683 milhões em 2005, ante US$ 456 milhões em 2004.