Título: Kawall garante que a meta de superávit primário será cumprida
Autor: Fernando Dantas e Rita Tavares
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/04/2006, Economia & Negócios, p. B4

O futuro secretário do Tesouro Nacional, Carlos Kawall, garantiu ontem que não há risco de descumprimento das metas fiscais em 2006, e que a meta de superávit primário de 4,25% será atingida. "Essa foi a determinação do ministro da Fazenda, Guido Mantega." Kawall admitiu que essa foi a maior preocupação dos representantes do mercado financeiro com quem conversou no final de semana, em encontros paralelos à 47ª Assembléia dos Governadores do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Para o futuro secretário, a assembléia do BID contribuiu para esclarecer as dúvidas do mercado sobre as trocas na equipe econômica, à medida que aproximou representantes do governo com agentes do mercado. Segundo ele, a equipe reforçou o compromisso de continuidade da política econômica da gestão de Antonio Palocci.

A gestão da política de financiamento da dívida pública não muda, disse Kawall, que pretende dar continuidade às metas do Plano Anual de Financiamento, divulgado em janeiro pelo ex-secretário Joaquim Levy. A redução da participação dos títulos indexados à taxa Selic na composição total da dívida e, em contrapartida, a ampliação da participação dos títulos prefixados serão prioridades.

Nas conversas com bancos de investimento, Kawall confirmou a percepção de uma maior predisposição dos estrangeiros para investir em títulos da dívida interna. É um "fenômeno global", explicou, porque o estoque de títulos da dívida externa de países emergentes está caindo e a isenção tributária para os investidores externos é um atrativo para o ingresso no Brasil.

Kawall confirmou que manteve conversas com representantes de bancos de investimento - potenciais coordenadores de futuras emissões do Tesouro - e também com representantes de agências de rating, como S&P e Moody's. "O quadro é tranqüilo. É natural que uma mudança de comando suscite dúvidas." Ele estuda se convidará alguém do mercado ou do próprio Tesouro para a secretaria-adjunta.