Título: Em 1.500 páginas, 9 meses de trabalho da CPI
Autor: Diego Escosteguy
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/03/2006, Nacional, p. A4

Relatório final da comissão deve ser divulgado amanhã; valerioduto é um dos principais pontos

BRASÍLIA

O relatório final da CPI dos Correios está pronto e é um calhamaço com 1.500 páginas. Mais do que novidades, os técnicos e a cúpula da comissão esperam que a papelada explique e dê sentido aos nove meses de provas produzidas na esteira do escândalo do mensalão.

Os técnicos passaram o fim de semana trabalhando nos retoques finais do relatório, que deve ser divulgado amanhã. Apesar disso, os integrantes da comissão acreditam que a publicação será adiada para que haja tempo de articular com os partidos a aprovação do documento.

Segundo técnicos ouvidos pelo Estado, o relatório será dividido em partes correspondentes aos trabalhos das sub-relatorias criadas pela CPI. Os principais capítulos vão abordar o funcionamento do valerioduto, os mecanismos do mensalão, a atuação dos fundos de pensão, as irregularidades em contratos dos Correios e de outras estatais, as movimentações das contas no exterior do publicitário Duda Mendonça e as normas de combate à corrupção recomendadas pela CPI.

O único capítulo ainda em análise é o de Duda Mendonça.Os peritos estão checando os últimos detalhes das operações com doleiros nas contas secretas ligadas ao publicitário. Na terça-feira, o Estado revelou essas transações e a existência de mais contas, além de outra empresa offshore (Stuttgart Company) ligada ao marqueteiro.

O capítulo sobre o valerioduto vai reafirmar a montagem dos empréstimos contraídos com o BMG e o Banco Rural para justificar a origem dos recursos do mensalão. A CPI vai indicar a Visanet, empresa ligada ao Banco do Brasil, outras empresas privadas e os contratos do empresário Marcos Valério com o governo federal como responsáveis pelo abastecimento do mensalão.

Para costurar o apoio dos petistas da comissão, o relatório vai citar os empréstimos de Marcos Valério feitos em 1998 para financiar campanhas tucanas em Minas Gerais, como a do senador Eduardo Azeredo.

As possíveis revelações sobre novos nomes envolvidos no mensalão devem frustrar as expectativas. Os peritos adiantam que o software I2, que está cruzando os diversos bancos de dados em poder da comissão, não apontou mais deputados beneficiados pelo valerioduto. Esse trabalho ainda não terminou, mas os técnicos não acreditam que encontrarão novos nomes.