Título: Efraim tenta no STF liberar depoimento do caseiro
Autor: Rosa Costa
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/03/2006, Nacional, p. A5

A CPI dos Bingos não desistiu de ouvir o caseiro Francenildo Santos Costa, o Nildo. O presidente da comissão, senador Efraim Moraes (PFL-PB), protocolou ontem ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar reverter decisão do ministro Cezar Peluso que interrompeu o depoimento na quinta-feira passada.

Nildo estava confirmando à comissão afirmações feitas em entrevista ao Estado, segundo as quais o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, freqüentava a casa alugada por ex-assessores da prefeitura de Ribeirão Preto no Lago Sul, em Brasília, onde promoviam festas e suposta partilha de dinheiro. Mas seu testemunho foi interrompido por decisão do Supremo.

O ministro do STF Marco Aurélio Mello foi sorteado relator do recurso. A expectativa é de que ele negará o pedido da CPI, pois há um entendimento do tribunal de que não é possível ingressar com mandado de segurança para tentar derrubar decisão de um ministro do Supremo.

No recurso, o presidente da CPI sustenta que a comissão quer apurar suspeitas de um esquema de corrupção para captação e repartição de recursos públicos por integrantes da chamada república de Ribeirão Preto.

Segundo Efraim, houve "censura judicial" a atividades do Legislativo e a decisão mostra que existe um conflito entre os Poderes. O senador sustenta que há ligação entre as apurações feitas pela CPI e o depoimento do caseiro.

Na decisão em que suspendeu o depoimento, Peluso disse que os fatos não têm conexão com o tema investigado pela CPI, que foi criada para apurar a utilização das casas de bingo para a prática de crimes de lavagem de dinheiro e envolvimento com o crime organizado.

Em seu novo pedido de suspensão da liminar, os advogados do Senado alegam que a demora em dar prosseguimento ao depoimento de Nildo pode prejudicar a "eficiência na produção de provas e investigação criminal".

BIG BROTHER

A senadora Ideli Salvatti (PT-SC) voltou a apresentar ontem requerimento para saber com quem o caseiro esteve no Senado nos dias anteriores à publicação de sua entrevista ao Estado. A pretexto de que as fitas podem ser úteis ao inquérito da Polícia Federal, que apura violação do sigilo bancário de Nildo, Ideli pede que sejam entregues as fitas das gravações das câmeras de segurança do Senado da última quinta-feira.

Ideli imagina que, se as fitas mostrarem o caseiro reunido com líderes da oposição, poderá concluir que ele foi orientado sobre o que falar. O senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) já disse que conversou com o caseiro.