Título: PPS decide apoiar pedido de impeachment
Autor: João Domingos
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/04/2006, Nacional, p. A11

O PPS decidiu ontem apoiar iniciativas que levem ao impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em nota assinada por seu presidente, deputado Roberto Freire (PE), o partido afirma que o impeachment voltou à ordem do dia depois da "gravíssima e consistente denúncia" apresentada pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, contra envolvidos no mensalão.

Para o PPS, o fato de o nome do presidente não estar na lista das pessoas denunciadas não o exime de culpa: "Na verdade, Lula está presente em todo o processo, como comandante maior de um governo corrupto. No presidencialismo, a responsabilidade pelos atos políticos e administrativos é do presidente da República, que é o chefe de Estado e de governo."

A nota observa ainda que o procurador da República propôs o indiciamento de todo o núcleo central do governo, líderes do PT e de partidos aliados, além de empresários, executivos de estatais e servidores públicos, por formarem uma "quadrilha criminosa". Para o partido de Freire, houve um assalto ao Estado para que o PT se perpetuasse no poder.

O presidente da OAB, Roberto Busato, reuniu-se ontem com Lula, no Palácio do Planalto, e os dois falaram de impeachment. Busato disse ao presidente que no dia 8 de maio a entidade decidirá se existem ou não condições jurídicas para apoiar um pedido de impeachment. Ele garantiu a Lula que a OAB não será palanque eleitoral, seja para os partidos que o apóiam, seja para os que lhe fazem oposição.

"Disse bem claro isso ao presidente e portanto tenho toda a tranqüilidade para abordar esse assunto", afirmou Busato, logo depois da audiência no Palácio do Planalto. "A OAB agirá dentro de sua tradição histórica, de fazer política, mas não se atrelar à política partidária, seja de que lado for."

O pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, voltou a declarar ontem que é contrário à abertura de um processo de impeachment. "Sou contra, acho que o processo político é a eleição, e estamos a meses do processo eleitoral", disse.

Alckmin tem repetido que quer afastar Lula nas urnas - discurso que retomou em visita a Mato Grosso. "É o povo que deve decidir, através das urnas. Confio na mudança e quero ser instrumento da mudança", disse.