Título: Gerdau fecha terceira compra nos EUA em menos de um mês
Autor: Agnaldo Brito
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/04/2006, Economia & Negócios, p. B18

Objetivo do grupo é, em alguns anos, estar entre os 10 maiores produtores mundiais de aço

A Gerdau Ameristeel Corporation, subsidiária do Grupo Gerdau na América do Norte, anunciou ontem a compra de mais uma usina de produção de aços longos nos Estados Unidos. Desta vez, o grupo siderúrgico brasileiro arrematou a Sheffield Steel, localizada em Sand Springs, no Estado de Oklahoma. É o segundo negócio anunciado para compra de usinas de aços longos desde novembro do ano passado e o terceiro investimento em aquisição em menos de um mês. Os dois negócios realizados em março foram a compra da Fargo Iron and Metal, empresa que trabalha no armazenamento e no processamento de sucata - matéria prima para a produção de aço - , e a Callaway Building Products, uma unidade de corte e dobra de aços longos.

A compra da totalidade das ações da Sheffield ficou em US$ 76 milhões. O valor passará por ajuste até a data de fechamento efetivo do negócio, informou ontem o vice-presidente sênior do grupo, Frederico Gerdau Johannpeter. A subsidiária da Gerdau nos Estados Unidos assumiu os passivos de curto e longo prazos da Sheffield, cujo valor chega a US$ 94 milhões.

A conclusão do negócio está condicionado ainda ao aval dos acionistas da empresa e, principalmente, das autoridades antitruste do governo dos Estados Unidos. A previsão é que a conclusão do negócio ocorra antes do final deste semestre.

Com o negócio, a Gerdau amplia a capacidade de produção de aço fora do Brasil, que já é maior do que a interna. O potencial fabril de 600 mil toneladas de aços longos da Sheffield elevará a capacidade total da Gerdau a 10,6 milhões. No Brasil, segundo Frederico Gerdau, o limite está em 8,5 milhões de toneladas.

ENTRE OS 10 O apetite da corporação, que encerrou o ano de 2005 como o 14º maior grupo siderúrgico do mundo - com produção efetiva fora e dentro do Brasil de 13,7 milhões de toneladas -, tem uma justificativa. O grupo Gerdau pretende, "em alguns anos", estar entre os 10 maiores produtores mundiais. Frederico preferiu não definir o horizonte de tempo para tanto, mas garantiu que isso deve ser alcançado com a incorporação de novos ativos tanto na América do Norte quanto em outras parte do mundo.

O crescimento no Brasil, explicou, será mais difícil. A valorização dos ativos e os bons resultados da siderurgia brasileira nos últimos anos tornaram as associações internas mais distantes. "Todos são consolidadores. É um processo difícil de ocorrer no Brasil", avalia.

A valorização dos ativos siderúrgicos cria ainda um segundo obstáculo para o processo de consolidação. Os ganhos econômicos obtidos com as sinergias não são suficientemente elevados para justificar o investimento. "Neste caso, não há como se viabilizar o negócio. É o caso do Brasil", afirma Frederico.

NOVAS AQUISIÇÕES O executivo confirmou o interesse em ampliar os negócios na América Latina, embora afirme que o mercado é mais restrito. O grupo avalia neste momento vários negócios, impulsionados por movimentos de consolidação como o patrocinado pela Mittal, interessada em assumir a Arcelor. Segundo ele, os interesses recaem sobre grandes complexos siderúrgicos e também sobre pequenas usinas, como a que acaba de ser comprada. A unidade Sheffield é considerada uma mini-mill, projeto orientado para o atendimento de mercados regionais.

O mais novo projeto siderúrgico brasileiro do grupo Gerdau foi idealizado como uma mini-mill. A usina siderúrgica localizada no município de Araçariguama, interior de São Paulo, produzirá 900 mil toneladas de aço bruto e processará no laminador 600 mil toneladas de vergalhão para o mercado regional.