Título: Versão final do texto reduz total de indiciados
Autor: Eugênia Lopes, Luciana Nunes Leal
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/04/2006, Nacional, p. A4

A versão final do relatório do deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), aprovada ontem pela CPI dos Correios, deixou de fora algumas figuras importantes incluídas no texto original - entre elas o ex-presidente do Banco do Brasil Cassio Casseb, o vice-governador de Minas, Clésio Andrade, e o ex-presidente da Brasil Resseguros (IRB) Lídio Duarte.

O documento sustenta, na versão final, que a diretoria de Marketing do Banco do Brasil é que foi conivente e aprovou os adiantamentos feitos para a agência de propaganda DNA, do publicitário Marcos Valério. Essa decisão joga a responsabilidade, no caso, para Henrique Pizzolato, que ocupava o posto na ocasião em que os contratos foram aprovados. Pizzolato havia sido figura central, também, da denúncia segundo a qual a DNA teria repassado R$ 327 mil para a conta da Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil. Pouco tempo depois, Pizzolato comprou um apartamento no valor de R$ 400 mil em Brasília.

Casseb tinha seu nome ligado às investigações, durante o segundo semestre do ano passado, porque, como homem de confiança do então ministro da Fazenda Antonio Palocci, seria o responsável por atos irregulares apurados - o principal foi que a Visanet, ligada ao banco, aparecia como uma das principais fontes de recursos que alimentaram o esquema do mensalão.

Clésio Andrade, também poupado, apareceu como sócio, na fase inicial, da SMPB - a outra empresa de publicidade de Marcos Valério, que, ao lado da DNA, providenciava notas frias para o esquema. Tanto a SMPB como a DNA faziam a maior parte dos pagamentos que iam parar nas mãos dos políticos beneficiados pelo mensalão.

O texto final de Serraglio também ficou sem o o nome de Márcio Lacerda, ex-secretário-executivo do ex-ministro Ciro Gomes. Lacerda havia aparecido entre as pessoas que sacaram recursos do mensalão e sua menção marcou uma breve passagem, pelo noticiário da época, do nome do ex-ministro cearense.

Dois outros que ficaram livres da lista foram o presidente da Brasil Resseguros (IRB) Lídio Duarte e um de seus auxiliares diretos, o vice-presidente Luiz Apolônio Neto. Lídio foi um dos primeiros denunciados do escândalo. Pesava contra ele a denúncia de fazer parte de um esquema de caixinha para o PTB dentro do IRB.

Outro que teve o nome retirado da lista foi o atual presidente dos Correios, Jânio Pohren - que substituiu o gaúcho João Henrique Almeida de Sousa. Sousa e outros cinco diretores da estatal, todos da cota do PT, foram exonerados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 7 de junho.

Serraglio aceitou também retirar a recomendação de investigação de Armando Ferreira da Cunha e do ex-deputado estadual João Leite Neto, por suposto envolvimento em irregularidades com franquias dos Correios. Por fim, o PT conseguiu que se mencionasse, no texto final, que a Visanet, apontada como uma das fontes do valerioduto, não é formada por recursos públicos.

O relator fez uma comemoração discreta do desfecho da CPI. "É a vitória da investigação correta dos fatos. O resultado pode não ter sido o melhor, mas foi o que pudemos fazer"