Título: PFL condiciona aliança a acordo nos Estados
Autor: Christiane Samarco e Cida Fontes
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/04/2006, Nacional, p. A8

As tensões que impedem PSDB e PFL de fechar aliança levaram o pré-candidato Geraldo Alckmin a se reunir ontem com o presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC). Após uma hora de conversa, da qual também participou o senador Tasso Jereissati (CE), Bornhausen disse que "para a aliança avançar", é preciso conseguir "melhores condições nos Estados".

Bornhausen afirmou também que "a indicação do candidato a vice (do PFL) na chapa de Alckmin é uma possibilidade concreta". Suas declarações revelam até onde chegaram os focos de descontentamento dentro do partido, que na véspera levaram setores a cogitar publicamente o fim da aliança.

Ontem, o presidente pefelista disse que é preciso fazer um "esforço máximo" para compor os dois partidos em todo o País. Onde isso não for possível, afirmou, terá que ser definida uma regra de convivência.

Alckmin ontem entrou pessoalmente em ação para neutralizar os principais focos de crise. O comando do PSDB está disposto inclusive a fazer uma "intervenção branca" na Bahia, abrindo uma dissidência, para isolar o líder do partido na Câmara, deputado Jutahy Júnior, que não aceita uma aliança com o PFL no Estado.

A Bahia dominou ontem as conversas políticas, um dia depois de o prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia, ameaçar com o rompimento da aliança nacional para deixar o partido livre nos Estados.

Alguns pefelistas avaliaram que Cesar Maia causou mais turbulências à campanha de Alckmin, que ainda está na fase de organização. "Mas, para resolver os problemas estaduais, é preciso criar um certo trauma", analisou o senador José Jorge (PFL-PE).

Foi justamente para resolver novos "traumas" que o coordenador da campanha de Alckmin, senador Sergio Guerra (PSDB-PE), teve uma longa conversa com Jutahy Júnior. Em seguida, uma outra reunião com a presença dos principais líderes do PFL e PSDB, foi realizada no gabinete do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). O aviso foi reforçado: Alckmin pode ficar sem palanque na Bahia, se o PSDB não apoiar a reeleição do governador Paulo Souto, do PFL.

Como esses conflitos afetam o desempenho nacional do ex-governador paulista, Tasso Jereissati pediu paciência, mas garantiu a ACM que encontrará uma solução. Uma das idéias é repetir o que aconteceu em 1998, quando o PSDB rachou e uma ala dissidente apoiou a candidatura de César Borges ao governo estadual. Na avaliação da cúpula tucana, em nome da oposição a ACM, o PSDB de Jutahy Júnior não pode, em nenhuma hipótese, assumir uma posição que favoreça a reeleição do presidente Lula na Bahia. "Temos condições de nos entender no Estado", previu Tasso, que mantém boas relações com ACM.

O Maranhão é outro foco de divergência. Ali também o PSDB não tem candidato ao governo estadual, mas o diretório regional se recusa a apoiar a senadora pefelista Roseana Sarney. Outro problema é em Sergipe, onde o PFL quer reeleger João Alves. O problema é que sua mulher, Maria do Carmo, quer se reeleger ao Senado, contrariando os interesses do ex-governador Albano Franco, do PSDB.