Título: Para economista do Ipea, 'problema fiscal brasileiro se chama Previdência'
Autor: Lu Aiko Otta
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/04/2006, Economia & Negócios, p. B8

"O problema fiscal brasileiro se chama Previdência Social", avalia o economista Fabio Giambiagi, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Para ele, é impressionante que a despesa do governo central com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) tenha subido de 2,5% do PIB em 1988 para atuais 8%.

Giambiagi considera preocupante que o Brasil, um país jovem, tenha gastos previdenciários como proporção do PIB iguais a países de população mais idosa, como a Holanda. Ele alerta é preciso desvincular o salário mínimo do piso previdenciário e repensar a idade mínima de aposentadoria para homens e mulheres.

O economista admite que a questão da idade mínima é politicamente delicada e afirma que qualquer mudança muito radical nessa regra seria "politicamente impossível e indefensável", mas considera que "não seria absurdo" definir que, por exemplo, em 2010, fosse elevada a idade mínima de aposentadoria em alguns anos. "Qualquer mudança nesse campo terá de ter necessariamente um período de carência, para dar um tempo às pessoas de se adaptarem."

Giambiagi considera que há hoje no País "um superávit primário expressivo e que atende genericamente aos princípios de austeridade do mercado", mas com manutenção de antigos problemas, como carga tributária elevada e crescimento dos gastos públicos.

Para ele, um dos aspectos mais complicados é a rigidez dos gastos públicos do governo central. Ele alertou que, dos 23% dos gastos do PIB a que equivalem as despesas do governo central, apenas uma mínima parcela de 1% a 2% é passível de ajustes. Os demais gastos são rígidos, incluindo a previdência social e despesa de pessoal.