Título: Tucano decide mostrar a cara no Nordeste
Autor: Christiane Samarco
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/04/2006, Nacional, p. A13

Para subir nas pesquisas, durante dois meses Alckmin visitará pelo menos um Estado da região por semana

A prioridade do pré-candidato do PSDB a presidente da República, Geraldo Alckmin, será o Nordeste. Nos próximos dois meses, ele irá semanalmente a pelo menos um Estado nordestino, região onde as pesquisas de intenção de voto apontam o maior desconhecimento do eleitorado sobre a sua candidatura. A primeira visita será nesta sexta-feira, a Pernambuco, onde ele cumprirá agenda extensa, incluindo Nova Jerusalém, onde ocorre a tradicional encenação da Paixão de Cristo.

"Vamos aproximar o candidato de situações reais do Brasil e do Nordeste, para que ele tenha o conhecimento dos nordestinos", resume o coordenador-geral da campanha, senador Sérgio Guerra (PSDB-PE).

A tática de centrar esforços na região foi definida em reunião de emergência dos estrategistas do PSDB com Alckmin, na noite de segunda-feira.

Preocupados com o baixo desempenho do candidato nas pesquisas, os tucanos decidiram se reunir para reavaliar essa fase de pré-campanha. A decisão de intensificar as viagens e os contatos do candidato com prefeitos, vereadores e eleitores nordestinos foi tomada no encontro de segunda, do qual também participaram o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), o secretário-geral do partido, deputado Eduardo Paes (RJ), e o governador de Minas, Aécio Neves (PSDB).

A Região Norte também merecerá atenção especial, pela mesma razão: o candidato é pouco conhecido por lá. Outra região com o mesmo complicador é o norte de Minas. Diante disso, Aécio comprometeu-se a montar uma agenda com o candidato na região. A visita foi marcada para 1º de maio e começará por Belo Horizonte.

Os tucanos não creditam as dificuldades às denúncias de irregularidades na aplicação de verbas publicitárias da Nossa Caixa nem ao episódio dos vestidos doados à ex-primeira-dama de São Paulo Lu Alckmin.

O tucanato se diz convencido de que, se a ruidosa demissão do então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, em meio à violação do sigilo bancário de um caseiro, não afetou a performance do candidato Luiz Inácio Lula da Silva nas pesquisas, tampouco acusações "simplórias e precárias" teriam impacto negativo sobre Alckmin. "O que é relevante no governo de São Paulo não está sob suspeita", defende Guerra.

"Estamos num combate e numa luta muito dura", afirmou. Segundo ele, o objetivo das denúncias é puxar o PSDB para "o padrão" do PT. "Mas não somos iguais ao PT", ressaltou. Para marcar a diferença, o primeiro passo será acabar com a figura do tesoureiro de campanha - função que será exercida por um grupo de pessoas. O formato, se será um conselho ou um comitê financeiro, é que ainda não está definido.

A reunião também serviu para avançar na montagem da equipe de campanha de Alckmin. Caberá ao senador Heráclito Fortes (PI), por exemplo, comandar toda a articulação política que passar pelo PFL nos Estados.

Ontem, Alckmin se reuniu com o presidente do PFL, Jorge Bornhausen (SC), em São Paulo, para discutir as alianças regionais. Na saída do encontro, o pefelista expressou confiança no desempenho do tucano e voltou a dizer que o partido não se oporia a ceder a vice na chapa ao PMDB, se isso for necessário para ampliar a frente anti-Lula.