Título: Depoimento de Bastos deve ficar para depois da Páscoa
Autor: Vannildo Mendes
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/04/2006, Nacional, p. A4

Oposição quer esperar feriado para garantir casa cheia e dispor de mais tempo para buscar fatos novos

A oposição já se prepara para receber no Congresso o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, logo depois do feriado da Páscoa. A estratégia que tucanos e pefelistas têm em mente é esperar o surgimento de fatos novos ou a evolução das investigações sobre o caso da violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa, o Nildo. "Assim teremos mais informações e elementos para, de certa maneira, questionar o ministro", calcula o líder da minoria no Senado, José Jorge (PFL-PE).

A oposição também prefere que haja quórum alto na audiência com o ministro da Justiça, no plenário da Câmara ou do Senado. Como haverá feriado na semana que vem - o que, inevitavelmente, fará com que o Congresso fique vazio - é muito mais conveniente, nos planos oposicionistas, marcar a audiência para depois do domingo de Páscoa.

Para isso, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), prometeu conversar com líderes e com o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), para definir a data da ida do ministro ao Congresso.

Poderá ser marcada uma sessão conjunta de Câmara e Senado, já que há requerimentos de convocação do ministro em ambas as casas do Congresso. No Senado não está descartada a possibilidade de o ministro da Justiça também ser ouvido pela CPI dos Bingos. Mas isso depende de novos fatos que apontem algum tipo de participação ou responsabilidade direta de Thomaz Bastos na operação que levou à quebra do sigilo bancário de Nildo.

A informação de que se tem conhecimento, até agora, indica apenas a participação de dois assessores de Thomaz Bastos numa reunião na casa do então ministro da Fazenda Antonio Palocci.

EXTRATO

Os assessores eram Cláudio Alencar, chefe de gabinete, e Daniel Goldberg, secretário de Direito Econômico, ambos diretamente ligados ao ministro. Os dois admitem ter estado com Palocci poucas horas antes de o extrato bancário do caseiro ter-lhe sido entregue pelo então presidente da Caixa Econômica Federal Jorge Mattoso. O próprio Mattoso revelou à Polícia Federal esse encontro.

Na tentativa de buscar mais informações sobre o caso, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) também apresentou à CPI dos Bingos requerimento para realização de uma acareação entre Palocci e Mattoso.