Título: Chávez quer unir sem-terra da AL
Autor: Angela Lacerda
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/04/2006, Nacional, p. A14

Presidente venezuelano cobra pressa na mobilização conjunta dos agricultores latino-americanos

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, propôs a união dos movimentos de trabalhadores do campo dos países sul-americanos. "Que tal se acelerarmos, por exemplo, o trabalho organizado, combativo e combatente dos camponeses do Brasil, dos camponeses da Venezuela, dos camponeses do Paraguai e dos camponeses da Argentina?", perguntou o presidente venezuelano aos 1.500 militantes da Via Campesina, representantes de sindicatos e estudantes que lotaram o Teatro Guaíra, em Curitiba (PA), na última quinta-feira.

Ao lado do líder do MST, João Pedro Stédile, e do governador do Paraná, Roberto Requião (que foi vaiado e se irritou com os militantes sem-terra), o presidente venezuelano foi o convidado especial do evento organizado pela Via Campesina, embora a presença dele no encontro não estivesse programada na agenda oficial de sua visita ao Paraná.

Chávez falou à animada platéia por mais de uma hora e pediu que os movimentos sem-terra apressem sua organização. "É preciso acelerar o trabalho da multidão organizada", aconselhou. Ao ouvir o hino dos sem terra, cantado por Beth Carvalho, acompanhou com palmas, entusiasmado, apesar de não demonstrar qualquer familiaridade com a letra.

REPÚDIO

Lideranças do MST e a Via Campesina repudiaram, em notas oficiais, a hostilidade de alguns membros dos dois movimentos, de sindicatos e de estudantes ao governador Roberto Requião, durante a solenidade no Guaíra. Irritado com as provocações, Requião xingou os manifestantes chamando-os de "pequeno movimento de merda".

A nota foi distribuída horas depois do incidente, pela Agência Estadual de Notícias, do governo do Estado. Nela, os movimentos dizem que o protesto veio de "um pequeno grupo, que talvez não reunisse 15 pessoas, entre 2.500 presentes".

O grande barulho feito pelos manifestantes - que obrigou o governador a elevar ainda mais a voz para tentar ser ouvido - foi creditado à "magnífica acústica do Teatro Guaíra" e pelo fato de o grupo estar "estrategicamente distribuído na platéia".

"O MST e a Via Campesina repudiam as manifestações irresponsáveis do grupelho, de resto silenciado pelo presidente Chávez, que o censurou pela tentativa de desunir o movimento popular", diz a nota.

"Manifestamos aqui mais uma vez nosso respeito ao governador Roberto Requião, que muito tem contribuído para fazer avançar as demandas populares no Estado do Paraná."