Título: Mais 2 deputados são investigados
Autor: Sônia Filgueiras
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/05/2006, Nacional, p. A5

Mais dois deputados entraram na lista dos atingidos pelo escândalo dos sanguessugas: Cleonâncio Fonseca (PP-SE) e Paulo Feijó (PSDB-RJ). Seus nomes estão registrados na lista de contas a pagar mantida pela Planam, empresa acusada de comandar o esquema de compra superfaturada de ambulâncias, com dinheiro do Orçamento da União. A relação está gravada nos computadores apreendidos pela Polícia Federal.

Além de ter o nome registrado nesse livro-caixa eletrônico, Cleonâncio é mencionado nos grampos da PF e figura entre os deputados que podem ser investigados depois de uma análise em curso no Supremo Tribunal Federal (STF). Feijó, por sua vez, foi citado como um dos deputados envolvidos no esquema pela ex-funcionária do Ministério da Saúde Maria da Penha Lino, em depoimento à PF.

No total, são 12 os parlamentares registrados no livro-caixa como recebedores de dinheiro da Planam. Desses, apenas um integra o grupo dos 16 já sob investigação da comissão de sindicância encarregada pela Câmara de apurar a participação de parlamentares nas fraudes. É praticamente certo que os deputados identificados no livro-caixa eletrônico passarão a ser objeto da apuração interna, o que elevará para 27 o total de parlamentares investigados.

Na avaliação da PF e de integrantes da comissão, a lista de contas a pagar da Planam é o documento mais contundente obtido até o momento, comparável apenas aos grampos telefônicos em que depósitos e pagamentos em dinheiro são combinados de forma explícita.

Cleonâncio foi procurado em seu gabinete, mas às 18h50 de ontem ninguém atendeu aos telefones. A assessoria de Feijó informou que ele está viajando.

No Senado, o corregedor Romeu Tuma (PFL-SP) afirma que pretende investigar o eventual envolvimento da senadora Serys Slhessarenko (PT-MT) no esquema. As evidências contra a senadora no momento são fracas: ela aparece em uma lista da Planam com centenas de emendas apresentadas por parlamentares para a compra de ambulâncias. Na Câmara, esse arquivo não é considerado critério para colocar deputados sob suspeita.

Ontem, um dos investigados formalmente pela comissão de sindicância apresentou uma defesa surpreendente. O mato-grossense Ricarte de Freitas (PTB) apresentou declaração por escrito do licenciado Lino Rossi - que também está na lista de pagamentos da Planam - dizendo ser do colega uma voz flagrada pelos grampos da PF. Nos documentos encaminhados à Câmara, a PF identificou como sendo Ricarte o interlocutor de Penha em diálogo no qual há suspeitas de que o assunto seja propina. Apesar do erro, não é certo que Ricarte deixe o grupo dos investigados, porque há outros indícios contra ele.