Título: Indústria sugere alternativas à redução do juro
Autor: Vânia Cristino
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/05/2006, Economia & Negócios, p. B8

Para o setor produtivo, o governo tem alternativas para colocar o câmbio num nível mais favorável às exportação, que não passam necessariamente pela aceleração da queda do juro, procedimento que o Banco Central indicou que não pretende adotar. Sem mexer nos juros, todas as sugestões dos representantes da indústria envolvem mecanismos que freariam o fluxo de dólares no mercado brasileiro - desde a revogação de isenções fiscais oferecidas para investidores estrangeiros aplicarem em títulos brasileiros até a adoção de quarentena para o dinheiro especulativo que vem de fora do País.

" Quaisquer que sejam as medidas adotadas, elas servirão apenas como paliativos para estancar a sangria dos exportadores até que seja possível a queda mais rápida dos juros", afirma Júlio Sérgio Gomes de Almeida, diretor-técnico do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).

O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Newton Mello, defende a cobrança de Imposto sobre Operação Financeira (IOF) nas aplicações de capitais estrangeiros. Segundo ele, a alíquota do imposto seria escalonada de acordo com o prazo de permanência do recurso no País.

Para o diretor da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) José Augusto de Castro, uma das principais alternativas para conter o acentuado declínio do dólar frente ao real seria revogar a medida provisória que isentou da incidência da alíquota de 15% do Imposto de Renda a aplicação do investidor estrangeiro em títulos públicos brasileiros.

"Essas medidas contribuiriam para viabilizar a valorização do dólar, ao conterem o fluxo de capital estrangeiro no País", avalia o presidente da Abimaq.

Boris Tabacof, diretor do Departamento de Economia do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), diz que o setor é a favor da flutuação do câmbio, mas ressalva que está entrando muito dinheiro estrangeiro à procura de arbitragem cambial. "Pega-se dinheiro lá fora a 5% ao ano para aplicar em títulos públicos brasileiros que rendem 15,75%".

Segundo ele, a diferença na arbitragem pode ser combatida com medidas semelhantes às adotadas no passado por países como o Chile e a Malásia. "Esse dinheiro especulativo deveria ser obrigado a ficar por prazo mínimo aplicado no País para poder ter direito a render juros de mercado".

Júlio Sérgio Gomes de Almeida, do Iedi, defende a adoção de quarentena para a entrada de investimentos internacionais em títulos do governo brasileiro. "Esses recursos deveriam ficar 90 dias sem render nada para se acabar com a arbitragem".

Outra medida defendida por Almeida seria regular as aplicações no mercado futuro, que têm contribuído para a desvalorização do dólar .