Título: Oposição vai à Justiça contra discurso
Autor: Fausto Macedo
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/05/2006, Nacional, p. A4

Para PSDB e PFL, presidente antecipou campanha em cadeia de rádio e TV

A oposição se prepara para ir à Justiça contra o pronunciamento feito domingo pelo presidente Lula para celebrar o Dia do Trabalho. No discurso, em cadeia nacional de rádio e TV, Lula divulgou feitos de seu governo. Os adversários avaliam que ele fez campanha pela reeleição antes do que a lei permite.

O líder do PFL no Senado, José Agripino Maia (RN), avisou que seu partido vai ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). "Lula faz campanha descarada, deslavada, disfarçada e usa para isso os meios institucionais."

Em Juazeiro do Norte, o pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, e o presidente do partido, senador Tasso Jereissati (CE), fizeram duras críticas. "É um precedente grave o presidente ter usado a rede nacional para fazer campanha. Na realidade, é uma autopromoção, campanha política deslavada", atacou o ex-governador de São Paulo, que no feriado cumpriu no Nordeste uma agenda de campanha eleitoral.

"QUASE NAZISTA"

Tasso disse que Lula "se tornou um delinqüente constante em infringir a Lei Eleitoral e em usar o cargo para campanha". Ele considerou "absurdo" o uso da rede nacional de rádio e TV. "É uma desfaçatez. Impressiona a tranqüilidade com que Lula e o PT quebram toda a legislação. Lula está banalizando a quebra da lei", protestou.

À noite, em Barbalha, ele voltou às críticas. Disse que a propaganda do governo é "quase nazista" e "destina o povo à pobreza e à desinformação". Alckmin também atacou. "Todo dia Lula tem dado exemplos de não cumprimento da lei. Ele não pode usar uma rede nacional para fazer autopromoção."

O presidente do PSDB informou ainda que já acionou o departamento jurídico do partido para entrar na Justiça. "A fala do presidente Lula foi campanha política. Não pode ficar sem resposta", insistiu.

A Lei Eleitoral só autoriza os candidatos a darem início a suas campanhas depois de junho, quando as siglas são obrigadas a realizar convenções e a registrar oficialmente suas candidaturas. Os tucanos têm acusado insistentemente Lula de já estar em campanha, embora ele não assuma que é candidato.

No pronunciamento de domingo à noite, o presidente fez elogios a seu governo, festejando a auto-suficiência do Brasil na produção de petróleo e apontando os ganhos do salário mínimo ao longo de seu mandato.