Título: Comerciante de lingerie viu vendas caírem 70%
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Fonte: O Estado de São Paulo, 14/05/2006, Internacional, p. A20

O trânsito no centro de Ramallah, coração político e econômico da Cisjordânia, está mais caótico nas últimas semanas, diz o palestino nascido no Brasil Jamil Rayyan. Há mais brigas entre pedestres e aumentou o número de mendigos. Com 36 anos, Jamil é dono de uma loja de lingerie no ponto mais nobre de Ramallah. Mesmo assim, suas vendas caíram 70% desde março, quando os funcionários públicos palestinos deixaram de receber salários. "Negócios como o meu são afetados imediatamente em tempos de crise", explica. "Afinal, não vendo produtos básicos, e sim itens considerados supérfluos quando o dinheiro está curto." A situação fica pior levando-se em conta que os palestinos compram tudo à vista. Quase não circulam cheques na Cisjordânia e cartão de crédito, nem pensar. Sem liquidez na economia, ninguém compra nada. Apesar de tudo, Jamil, que nasceu em Uruguaiana (RS) e veio há seis anos para cá, não se exaspera: "O palestino é o povo mais resistente do mundo. Dois ou três meses de pressão internacional não vão dobrar ninguém. Preciso ter paciência."