Título: Parlamentar e entidade contam versões diferentes
Autor: Wilson Tosta
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/05/2006, Nacional, p. A7

Deputado Paulo Baltazar e presidente do Ibrae se contradizem até ao contar como foi liberação de verba

Com menos de dois anos de existência, o Instituto Brasileiro de Cultura e Educação (Ibrae) afirma oficialmente que a verba repassada pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) em 2 de fevereiro de 2006 - R$ 1.611.444,40 - foi a única que recebeu oriunda de emenda parlamentar ao Orçamento da União até hoje. O presidente da entidade, Marco Antônio Pereira, porém, confunde-se ao tentar explicar o que aconteceu: segundo ele, foram liberadas duas propostas de "fomento à elaboração e implantação de projetos de inclusão digital", uma de R$ 135 mil, outra de R$ 945 mil, do deputado Paulo Baltazar (PSB-RJ). Esses empenhos, contudo, foram cancelados. O dinheiro que caiu na conta do instituto no início de 2006 refere-se a outra emenda do deputado, com o mesmo fim, que, aprovada, começou a ser analisada pela Finep em 1º de dezembro de 2005.

Pereira e Baltazar também não são precisos e até se contradizem quando falam de como se deu a liberação. Inicialmente, ao dar entrevista sozinho, Pereira afirmou ao Estado que o parlamentar foi ao Ibrae para "falar sobre a emenda que estaria sendo canalizada" para a entidade e uma segunda vez, para ver o andamento do projeto. Pouco depois, já acompanhado da advogada Ana Teresa Vargas, disse que Baltazar, primeiro, foi dizer que estava "feliz em ver o projeto desenvolvido" - a proposição teria sido apresentada sem interveniência do parlamentar - e voltou depois para discutir propostas de alteração.

ATRASO

O programa está atrasado. Só foram entregues duas das cinco unidades(ônibus com equipamentos de informática), para dar cursos de computação a 17.780 pessoas em municípios da região sul fluminense - o parlamentar tem base eleitoral em Volta Redonda e cidades próximas. Falta também, de acordo com o deputado, a conexão com a internet, sem o que, afirma, a Finep não permite o início do trabalho.

Além do projeto apadrinhado pela emenda de Baltazar, o Ibrae trabalha para o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e também com exposições. A pouca experiência, contudo, não atrapalhou o recebimento de emendas pelo instituto. Outro deputado, José Divino (PRB-RJ), também procurou o instituto, confirma Pereira. Segundo ele, Divino queria fazer "o mesmo" projeto de inclusão digital que Baltazar, só que na área de Campos, no norte fluminense.