Título: Manaus perde US$ 750 milhões
Autor: Marina Faleiros
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/05/2006, Economia & Negócios, p. B10

A greve dos auditores fiscais da Receita Federal já provocou prejuízos de US$ 750 milhões às empresas da Zona Franca de Manaus, de acordo com balanço enviado ontem à ministra da Casa Civil, Dilma Roussef , pelo Centro das Indústrias do Estado do Amazonas (Cieam).

Na Zona Franca, 40% da produção está comprometida por falta de matéria-prima e insumos importados. Algumas fábricas pararam as linhas de produção e deram férias coletivas aos funcionários. A retenção de mercadorias por falta de fiscalização tem causado um prejuízo de US$ 33 milhões por dia para as empresas da região.

No documento entregue à ministra, o Cieam pede que a Casa Civil intervenha e agilize a abertura de negociações entre o governo e os auditores. O presidente do Centro, Maurício Loureiro, concorda com as reivindicações dos grevistas mas diz que a sociedade não pode mais ser prejudicada. "Na Receita Federal todo mundo manda e ninguém obedece. Eles realmente precisam de um plano de carreira", disse.

Logo no início da greve, há quase um mês, o Cieam e o Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares de Manaus (Sinaees) entraram na Justiça com mandados de segurança para obrigar a Receita a vistoriar as mercadorias. Apenas o Sinaees conseguiu uma liminar. "Esse setor é um dos mais representativos da Zona Franca, mas não abrange todas as empresas."

A notícia de que o sindicato dos auditores está disposto a manter a greve até 30 de junho, prazo final para que o governo inicie as negociações por conta da proximidade do período eleitoral,deixou os empresários da Zona Franca mais preocupados. O faturamento de US$ 21 bilhões esperado para 2006 já está longe de ser alcançado.

O atraso na liberação de mercadorias e os estoques baixos fizeram com que as indústrias de São Paulo também recorressem ao mandado de segurança. Segundo a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), grande parte dos associados estão entrando na Justiça. "É a única alternativa. A indústria tem de se proteger", disse o diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiesp, Roberto Giannetti da Fonseca.