Título: Aldo veta ida de Marcola à Câmara
Autor: Denise Madueño
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/05/2006, Metrópole, p. C5

O Congresso foi atingido pela onda de medo produzida pelo Primeiro Comando da Capital (PCC). O presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), proibiu a CPI do Tráfico de Armas de tomar na Casa o depoimento do líder da facção, Marcos Camacho, o Marcola. Tanto a Câmara quanto o Senado já reforçaram a segurança.

Diante do veto, a CPI deve ir a São Paulo ouvir Marcola, detido em Presidente Bernardes. Aldo disse que já avisou o presidente da comissão, Moroni Torgan (PFL-CE), que considera "inapropriado" a realização do depoimento do líder do PCC na Casa, por questões de segurança. A convocação de Marcola tinha sido aprovada pela CPI no início do mês.

Aldo disse que a CPI tem poder para decidir ouvir quem achar importante, mas cabe ao presidente da Câmara definir se isso deve ou não ocorrer nas dependências do Congresso. "Sou responsável pela segurança de servidores, deputados, visitantes e pessoas que circulam pela Câmara. Determinei que este depoimento não seja colhido na dependência da Casa", explicou o presidente.

A decisão contrariou alguns integrantes da CPI. O deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP)disse que vai insistir, durante a reunião de hoje da comissão, que Marcola deponha na Câmara. "Nossa obrigação é mostrar que não temos medo dele", disse Faria de Sá. "Aqui ele vai ser colocado no seu lugar: vai ser preso, escoltado e ter a imagem que merece ter."

REFORÇO

No fim de semana, a Câmara passou por uma varredura para detectar eventuais explosivos. Serão instalados aparelhos de raio X e detectores de metal nas oito entradas do prédio. O Senado restringiu as áreas de visitação e montou novo projeto de segurança. Ontem, Aldo negou que o reforço tenha sido motivado por suposta ameaça de bomba no Congresso, ocorrida no fim de semana passado. "Não houve ameaças à Câmara", afirmou.

O diretor do Senado, Agaciel Maia, disse que, em três meses, serão instalados detectores de metal no prédio, ao custo de R$ 600 mil. Além desses equipamentos, a orientação é dar mais atenção à vigilância feita pelas 160 câmeras de TV espalhadas por todo o prédio.

Maia reconheceu que, mesmo assim, a segurança na Casa não é a ideal. Existem 64 entradas no prédio, sem contar o acesso à área externa de alguns gabinetes. "Como dizem, o Senado é como um queijo suíço."