Título: Em pesquisa, 45% disseram ter problemas em família
Autor: Lígia Formenti
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/05/2006, Vida&, p. A18

Cerca de 45% dos paulistanos entrevistados numa pesquisa inédita feita pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) disseram ter enfrentado problemas na família ou dificuldades conjugais provocadas pelo consumo excessivo de álcool pelos familiares. Da amostra, 22% disseram ter sofrido agressão de pais ou responsáveis que estavam sob efeito do álcool. "Os números ajudam a revelar o grande número de tragédias familiares, muitas delas anônimas, provocadas pelo excesso de bebida", analisa o coordenador do estudo, Ronaldo Laranjeira.

O estudo, batizado de 1º Levantamento Nacional sobre Padrões de Consumo de Álcool na População Brasileira, foi financiado pela Secretaria Nacional Antidrogas. A pesquisa vai avaliar uma amostra de 3 mil entrevistas, feitas em 143 cidades de todo o País. Os números nacionais deverão ser divulgados dentro de um ou dois meses.

A amostra paulistana, à qual o Estado teve acesso, dá razão aos alertas feitos por especialistas: o consumo de álcool cada vez mais precoce, a íntima relação entre abuso de bebidas alcoólicas, violência doméstica e de trânsito.

Dados preliminares do estudo mostram que 58% dos entrevistados com idade entre 14 e 17 anos disseram consumir bebidas alcoólicas. A mais consumida nessa faixa etária é cerveja ou chope: 41% dos entrevistados entre 14 e 17 anos disseram consumir esse tipo de bebida. Em seguida, vem o consumo de bebidas ice, com 25%. Por último, as destiladas - 23% dos jovens disseram consumi-las.

MAIS IMPOSTO E CAMPANHA Um dado que chamou a atenção foi a alta aceitação dos entrevistados para uma medida que o governo resiste em adotar: o aumento da taxação da bebida. Dos entrevistados, 54% disseram ser favoráveis ao aumento dos impostos. Os paulistanos também aprovam a intensificação de campanhas publicitárias do governo e a ampliação de programas de tratamento para alcoolismo. "Há uma noção geral do público de que é preciso reforçar medidas preventivas", diz Laranjeira. L. F.