Título: Ataque mútuo leva PSDB e PFL a criar conselho
Autor: Christiane Samarco e Ana Paula Scinocca
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/05/2006, Nacional, p. A5

Depois de um dia marcado pela troca de farpas entre pefelistas e tucanos, por conta do fraco desempenho do pré-candidato à Presidência Geraldo Alckmin - como apontaram ontem as pesquisas CNT/Sensus e Datafolha -, PFL e PSDB decidiram criar um conselho político da aliança. O objetivo é aparar as arestas e pôr fim ao "improviso na campanha", como se queixou ontem o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC). "É preciso organizar a campanha", cobrou Bornhausen, deixando claro que a desorganização tem sido motivo de queixas e críticas de líderes dos dois partidos.

O presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), também fez um desabafo. Para ele, o problema maior é a troca de farpas públicas entre políticos dos dois partidos. "Chegou a hora de dar um basta. Chega de brincadeira. Esse negócio de setores do PFL estarem batendo no PSDB não dá mais. Ou é aliado ou não é", cobrou. "O conselho vai servir para uma série de coisas e quaisquer divergências podem vir a ser acertadas", disse Bornhausen. "Roupa suja, a gente lava no conselho."

O que mais irritou Tasso ontem foram as estocadas do líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ). Indagado sobre os problemas da candidatura do PSDB, Maia elogiou o candidato e disparou contra Tasso. "O Alckmin vai muito bem, tem sido muito educado com o PFL e não temos queixa dele. O problema não é o candidato, mas a falta de organização e sintonia da coordenação da campanha."

A primeira reunião política do conselho ficou agendada para segunda-feira, em Brasília. O grupo será formado por Alckmin, pelo candidato a vice, senador José Jorge (PE), pelos presidentes das duas siglas e pelos coordenadores da campanha, além dos líderes do PFL, do PSDB e da minoria na Câmara e no Senado. Em razão da criação do conselho, a formalização da aliança - inicialmente programada para segunda-feira, no Recife (terra do candidato a vice-presidente) - foi adiada. Deverá ocorrer na quarta, em Brasília.

Ontem, a divulgação das pesquisas fortaleceu a tese dos que defendem uma conduta mais agressiva de Alckmin. O próprio candidato, porém, disse não ver razão para gritaria. "Lula já atingiu o teto. Eu só estou no meu piso." O ex-governador de São Paulo avisou que não pretende mudar sua estratégia. "O estilo é o homem ou a mulher. Não pretendo mudar", disse Alckmin, parafraseando o conde de Buffon, autor da expressão "o estilo é o homem".