Título: Simon propõe que Suassuna saia da liderança
Autor: Sérgio Gobetti, , Sônia Filgueiras
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/05/2006, Nacional, p. A14

Para senador, ele deve responder às acusações "como cidadão"

O senador Pedro Simon (PMDB-RS) pediu o afastamento do senador Ney Suassuna (PMDB-PB) da liderança do partido, diante das denúncias de suposto envolvimento na venda superfaturada de ambulâncias a prefeituras. "São tantas as referências na imprensa envolvendo seu nome que é necessário que se afaste para responder às acusações como cidadão, não mais como líder", afirmou Simon, pré-candidato do partido à Presidência.

Ele reclamou também que Suassuna não costuma reunir a bancada para consultar os senadores peemedebistas sobre as posições que a legenda deve adotar nas votações.

O senador da Paraíba integra a ala do partido que é contrária ao lançamento da candidatura própria do PMDB à Presidência da República.

Ontem, o presidente nacional do PMDB, deputado federal Michel Temer (SP), evitou comentar a posição defendida por Simon contra Suassuna. "Acho que esse assunto deve ser discutido internamente, na bancada do Senado", esquivou-se o parlamentar.

Temer concordou, entretanto, com as acusações feitas por Simon de que Suassuna não tem reunido a bancada e feito consulta antes de se pronunciar em nome do conjunto dos parlamentares peemedebistas. "Sempre defendi que os líderes deveriam realmente exprimir a vontade da bancada, e isso não tem acontecido. Há pronunciamentos pessoais em nome da bancada, o que está errado", observou.

As rusgas entre Suassuna e Simon foram intensificadas após a reunião ocorrida na última quinta-feira, quando governistas, ala da qual faz parte o senador da Paraíba, conseguiram adiar a data da convenção nacional do partido de 11 para 29 de junho, o que praticamente inviabiliza as negociações regionais no caso da eventual confirmação da candidatura própria à Presidência.

"Acho que a fragmentação (entre governistas e oposicionistas) da bancada vai se intensificar de uma forma ou de outra. Agora, o importante para o senador Simon é ver o resultado da convenção, e não se preocupar com o que o senador Suassuna defende", afirmou Temer, ao admitir que a tensão entre os dois parlamentares foi sobrecarregada após o tumultuado encontro de quinta.

SANGUESSUGA

Suassuna é um dos parlamentares suspeitos de envolvimento no esquema de fraude na compra de ambulâncias, investigado pela Polícia Federal na Operação Sanguessuga. Segundo a polícia, parlamentares, prefeituras, funcionários do Ministério da Saúde e a empresa Planam agiam em conluio no processo para a compra dos carros, que tinham preços superfaturados. O papel dos parlamentares era apresentar emendas ao orçamento para liberar a verba para a aquisição. O dinheiro que sobrava era dividido entre integrantes do esquema, segundo a PF. Suassuna nega as acusações. Dois de seus ex-assessores foram presos no caso.