Título: Brigas têm de acabar em julho, diz Alckmin
Autor: EDUARDO KATTAH e CIDA FONTES
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/05/2006, Nacional, p. A11

Para tucano, quando a campanha começar alvo passará a ser adversário

O pré-candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, disse ontem que os desentendimentos entre pefelistas e tucanos têm de acabar até o início da campanha eleitoral, em julho. "Esses desentendimentos aí têm prazo para acabar. Qual o prazo? É quando começar a campanha", enfatizou, em visita a Governador Valadares (MG). "Quando começar a campanha, toda a energia se dirigirá ao adversário."

Ao ser questionado sobre as críticas do prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL), à estratégia de sua campanha, Alckmin disse que prefere não maximizar os episódios. E que concorda com a declaração de Maia de que as discussões não "atrapalham em nada" seu desempenho eleitoral. "Seria bom que não tivesse o diz-que-diz. Agora, na prática, (o prejuízo) é zero."

Para ele, esse "diz-que-diz" é uma "bobagem" que faz parte do processo e o mais importante é a concretização da aliança entre os dois grandes partidos de oposição ao governo Lula. O pré-candidato repetiu que quer ampliar a aliança e vai trabalhar para atrair o PMDB, caso o partido não tenha candidato.

Sobre as pesquisas, o tucano de novo procurou mostrar despreocupação, afirmando que está "bastante feliz" com seu "piso", na casa dos 20%. Lula tem, em média, 40% das intenções de voto. "A nossa tarefa é ir para o segundo turno. Segundo turno é outra eleição."

CHIRAC

Alckmin contou que o presidente francês, Jacques Chirac, o aconselhou a não dar "muita bola" para as pesquisas - os dois tomaram café da manhã em Brasília. "Se eu dependesse de pesquisas nunca teria sido eleito na França, pois sempre estive atrás dos adversários", disse Chirac, segundo o tucano.

Na conversa, o tema predominante foi a reforma política e Alckmin defendeu a necessidade de o Brasil implantar a fidelidade partidária para evitar o troca-troca de legenda. Outro foi a inserção do Brasil no cenário internacional e a prioridade para o crescimento econômico que o tucano quer dar em seu programa de governo. O presidente francês disse ser simpático à reivindicação do Brasil de se tornar um membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

No início da tarde, Alckmin chegou a Governador Valadares em ritmo de campanha. No aeroporto, foi recebido por líderes regionais tucanos e pelo secretário de Governo, Danilo de Castro, que representou o governador Aécio Neves. Faixas de apoio, inclusive uma assinada por valadarenses nos Estados Unidos, saudavam o pré-candidato, que seguiu em carreata - animada por um carro de som - até uma emissora de TV, onde deu entrevista. Depois, ele fez uma palestra numa faculdade de Direito e visitou o mercado municipal, onde cumprimentou e abraçou pessoas e tomou caldo de cana.

IMIGRANTES

Na região que tem o maior fluxo migratório ilegal para os EUA no País, Alckmin prometeu que se eleito fará "um esforço diplomático" pela regularização do "máximo possível" de brasileiros que vivem ilegalmente nos EUA. Ele disse que os imigrantes brasileiros atualmente estão "sozinhos, abandonados".

O tucano aproveitou para cobrar que o Brasil volte a ser um país de oportunidades. "As pessoas não saem porque querem, saem pela dificuldade. Não têm emprego aqui." Alckmin voltou ao assunto na palestra na faculdade e foi bastante aplaudido. "Vamos jogar o peso do Brasil, o peso da nossa diplomacia para ajudar a resolver os problemas dos nossos irmãos de Governador Valadares e região."

Segundo o prefeito José Bonifácio Mourão (PSDB), cerca de 40 mil valadarenses vivem nos EUA hoje. A economia da cidade, que tem 270 mil habitantes, é em grande parte movimentada pelas remessas de dólares. A prefeitura estima que o envio mensal dos imigrantes chegue a US$ 8 milhões.