Título: Para oposição, campanha será marcada por ataques de Lula
Autor: Ana Paula Scinocca
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/06/2006, Nacional, p. A4

Lideranças do PSDB e do PFL reagiram ontem ao discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, na convenção nacional do PT na qual foi lançado à reeleição, chamou a oposição de "vozes do atraso".

Para tucanos e pefelistas, o presidente Lula deixou claro que vai elevar o tom da campanha e partir para ataques diretos aos oposicionistas.

"O governo do Lula é que foi conservador ao extremo", disse o senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), coordenador da campanha do candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin. "A comparação que ele tenta fazer com o governo (do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso) é uma fraude. Em vez do governo Lula promover a reforma política, ele resolveu promover o mensalão", reagiu o tucano.

"O Lula quer uma campanha ácida em vez de uma campanha propositiva", afirmou o líder do PFL no Senado, José Agripino Maia (RN). "Mas ele não vai impor o tom da campanha", observou o pefelista.

Na avaliação do líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio Neto (AM), o presidente Lula resolveu partir para o ataque e polarizar a campanha com a oposição para tentar evitar que as eleições presidenciais sejam decididas no segundo turno. "Um quadro com tantos candidatos a presidente faz a eleição se encaminhar para o segundo turno", argumentou. "E por isso, ele resolveu ser a voz da enganação e da desonestidade e tentar polarizar conosco", disse o tucano.

O líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ), afirmou que as declarações do presidente Lula não são compatíveis com o discurso de um candidato que lidera as pesquisas, com 48% das intenções de voto. "O discurso dele não é de candidato favorito e sim de candidato que está perdendo nas pesquisas. É um discurso de quem sabe que a eleição não é fácil", disse. O pefelista considerou as declarações de Lula "agressivas". "Ele governou com o que há de mais atrasado. Nos últimos anos, as alas mais modernas do PT foram abandonadas. Ele está querendo enganar a sociedade fazendo comparações com o governo passado", concluiu Maia.

Para o coordenador da campanha de Alckmin, o governo Lula foi conservador sob diversos aspectos, principalmente na área econômica. "Lula não tem condições de examinar o presente e tem proposta zero para a frente", disse Sérgio Guerra.

O líder pefelista Agripino Maia observou, ainda, que o presidente Lula tem um comportamento e discurso totalmente diferentes do que ele diz ter. "Da boca para fora, o Lula diz que é paz e amor. Mas fica agredindo, agulhando e desafiando a oposição".

Anteontem, o presidente Lula fez discurso de uma hora e meia com pesadas críticas ao governo de Fernando Henrique e a seus adversários. Entre suas afirmações , Lula disse que fez em três anos e meio fez mais do que Fernando Henrique em oito anos de governo.