Título: Mercadante oficializa Nádia Campeão, do PC do B, como vice
Autor: Rodrigo Pereira
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/06/2006, Nacional, p. A6

O senador Aloizio Mercadante (PT) confirmou ontem o nome da ex-secretária municipal de Esportes da capital e presidente estadual do PC do B, Nádia Campeão, como vice em sua chapa para a disputa do governo estadual. O anúncio foi feito durante a convenção dos comunistas, que formalizaram apoio aos petistas em São Paulo. O PT já contava com o PL e negocia coligação com o PSB e outras legendas menores.

"Pela primeira vez teremos uma mulher na composição da chapa. É Nádia Campeão e é campeão até no nome", destacou Mercadante logo após oferecer pessoalmente a vaga a Nádia. "Ela valoriza a participação da mulher na política. É campeão até no nome, acho que essa é a chapa pra gente vencer a eleição", insistiu. O candidato esqueceu, no entanto, que em 1998 Marta Suplicy concorreu pelo PT ao governo de São Paulo. Na ocasião Mário Covas (PSDB) foi reeleito.

No palanque, Mercadante exaltou a história do PC do B e contou como convenceu o PL a deixar a vaga de vice ao partido. "Dialoguei com o PL e eles compreenderam que a relação do PT com o PC do B não é oportunista, é estratégica. Não se trata somente de coerência histórica, mas de lealdade", disse.

Nádia explicou que o PC do B já havia optado anteriormente por integrar a chapa petista no Estado, mas sem definir um nome. "Com o convite do candidato Mercadante, a nós só resta aceitar com muita satisfação e muita honra. Claro que nós aceitamos. Com prazer", comemorou. "Vamos arregaçar as mangas e fazer uma grande campanha", prometeu.

A presidente do PC do B explicou que sua indicação como vice de Mercadante é importante pela exposição que a legenda ganha na mídia e a conversão disso em votos. "É claro que ser vice dá maior visibilidade. Ajuda na projeção. E o PC do B busca ficar próximo dos 5% (de votos) exigidos pela cláusula de barreira", explicou.

Para alcançar os votos exigidos pela legislação eleitoral, o PC do B aposta na reeleição de seus dois deputados federais em São Paulo, Jamil Murad e Aldo Rebelo - atual presidente da Câmara. O s dois nomes foram aprovados pela convenção, além dos de 17 integrantes do partido que concorrerão a uma vaga na Assembléia. O PC do B fica com a vaga de suplente na chapa ao Senado, encabeçada por Eduardo Suplicy, do PT.

No palanque, o secretário de Organização do PC do B, Walter Sorrentino, criticou a cláusula de barreira. "Ela simplesmente ignora toda a história do Partido Comunista do Brasil."

REELEIÇÃO

A tônica da convenção, no entanto, ficou por conta da reeleição de Lula e da tentativa de melhorar o desempenho de Mercadante na campanha. Para tanto, duros ataques às gestões tucanas e exaltação a Lula.

"Basta de 12 anos de regresso econômico, político e social", bradou Nádia, referindo-se às gestões de Covas e Geraldo Alckmin em São Paulo. "Os paulistas e paulistanos estão cheios da falta de projetos estratégicos, cheios das privatizações", disse. "Vamos passar uma borracha nessa política de segurança pública falida", cutucou, retomando a crise provocada pelo PCC, em maio.

Até um livreto de 22 páginas foi publicado pelo Comitê Estadual do PC do B para atacar o PSDB. Sob o título O retrocesso de São Paulo durante o governo tucano, o livreto era vendido por militantes a R$ 2 o exemplar. Ao final, concluía que "a marca do governo tucano" resumia-se a quatro pontos: "ineficiência administrativa; projeto conservador e elitista; um governo antidemocrático; e descaso com as demandas sociais."

Ao anunciar a presença de Murad, Rebelo, Nádia , Suplicy e Mercadante - além de outros militantes do PT e do PC do B -, a platéia que lotava a quadra dos bancários reagiu com gritos de incentivo como "Lula, Lula, olê, olê, olê, olá" ou "Lula, Lula, quem vota no Lula pula".

O desânimo só tomou conta do local quando o deputado Murad discursou. Ele falou por mais de 20 minutos, provocando conversas e inquietação na platéia. Alguns políticos que o acompanhavam no palanque chegaram a bocejar. Nem a claque comunista o aplaudiu.

Outras quatro pessoas discursaram depois dele, recobrando a euforia dos militantes do PC do B.