Título: PSDB quer fugir das polêmicas regionais
Autor: Cida Fontes
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/07/2006, Nacional, p. A8

Uma das principais preocupações do candidato tucano à Presidência, Geraldo Alckmin, é conciliar a tônica da campanha nacional com as estaduais. Para evitar choques com o eleitorado e os postulantes aos governos e ao Congresso, a coligação formada por PSDB e PFL será cuidadosa na abordagem de temas regionais, na propaganda eleitoral no rádio e na televisão, que começará em 15 de agosto.

A estratégia foi analisada na casa do ex-presidente Fernando Henrique, que sexta-feira ofereceu um jantar para aproximar o PFL do coordenador de comunicação da campanha de Alckmin, o jornalista e marqueteiro Luiz Gonzales, dono da agência Lua Branca Comunicação Política e Institucional.

O presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), gostou da conversa com Gonzalez, que há anos trabalha em campanhas do PSDB, especialmente em São Paulo, mas é desconhecido entre os pefelistas. "Estamos bem entregues", observou Bornhausen.

No encontro, Fernando Henrique mostrou-se animado. Disse acreditar que Alckmin crescerá nas pesquisas assim que o eleitorado o conhecer melhor. Também participaram do jantar dois outros pefelistas: o candidato a vice de Alckmin, senador José Jorge (PE), e o coordenador da campanha nacional, senador Heráclito Fortes (PI).

A idéia, que vem sendo discutida também pelo conselho político, é abordar temas mais polêmicos de modo genérico no horário eleitoral. É o caso da transposição do Rio São Francisco, que divide os Estados do Nordeste e os aliados de Alckmin, mas que foi encampado pelo presidente Lula. A estratégia do PSDB e do PFL é falar só em revitalização do rio, deixando o debate sobre a transposição para depois.

Fortes acha que o importante agora é mostrar que Lula investiu R$ 116 milhões para pagar projetos de planejamento e engenharia da obra e não liberou verba para programas de irrigação no semi-árido. "Vamos tratar a transposição da maneira mais geral", disse José Jorge. Outros temas regionais que serão abordados na campanha nacional, segundo ele, são a construção do gasoduto ligando o Nordeste ao Sudeste e a duplicação da BR-101.

EMBRAPA

O conselho político já começou a discutir também quais e como devem ser tratados os assuntos nacionais no horário eleitoral nos Estados. Entre eles, a crise do setor agrícola, de interesse dos Estados, e a situação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agrícola (Embrapa) que, segundo a oposição, teria sido abandonada pelo governo.

Além disso, tucanos e pefelistas querem conciliar o material impresso nacional e os estaduais. O PSDB tem candidatos ao governo em 17 Estados. Nos demais, apóia 5 do PMDB, 1 do PP, 1 do PL, 1 do PFL e outro, informalmente, do PSB. Na Bahia, os tucanos retiraram sua candidatura ao governo, mas se recusam a apoiar o PFL.