Título: Exército libanês resistirá a invasão, diz governo
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Fonte: O Estado de São Paulo, 22/07/2006, Internacional, p. A14

O presidente libanês, Émile Lahoud, afirmou ontem que o Exército defenderá o Líbano se as tropas israelenses o invadirem por terra. O anúncio foi reforçado pelo ministro da Defesa, Elias Murr. "Há unidade nacional no Exército", ressaltou Murr. "Cristãos, xiitas, sunitas e drusos estão todos esperando a hora em que Israel entre por terra no Líbano, para que possam dar (aos israelenses) uma lição em troca dos massacres que eles cometeram por ar contra civis inocentes."

A possível entrada das forças regulares do Líbano, ao lado da mílicia do grupo xiita Hezbollah, na luta contra a ação das tropas de Israel pode provocar um efeito multiplicador no conflito.

Tecnicamente, o Líbano, que se mantém em estado de beligerância contra Israel há 33 anos, não está em guerra aberta. Todavia, se as tropas nacionais de ambos os países entrarem em combate, estará caracterizado o conflito.

As implicações dessa situação não são poucas. A primeira e mais grave conseqüência será a entrada da Síria nas operações. Os governos de Beirute e Damasco têm um abrangente acordo de proteção mútua em caso de ataque ou violação territorial. Há compromissos do mesmo tipo firmados com o Irã, o Egito, a Libia, o Sudão, o Iêmen e a Jordânia. Os militares libaneses contam com um bom contingente, de aproximadamente 72 mil soldados e 13 mil reservistas.

O equipamento é obsoleto para os padrões do Oriente Médio.Os 310 tanques comprados na extinta União Soviética são velhos modelos T-54/55 com 35 anos de uso. Foram levemente modernizados em 1980, mas estão longe de poder oferecer resistência aos avançados Merkava-2 israelenses. A infantaria blindada dispõe de 1.257 veículos, quase todos variações do americano M-113. Há ainda 541 canhões, mas apenas 62 são móveis, de 155 mm. A frota de ataque da aviação é apenas simbólica, com 6 jatos Hawker Hunter fabricados há 40 anos, e 2 helicópteros artilhados. As duas embarcações usadas pela Marinha na defesa de costa são pequenas, na faixa de 100 toneladas, armadas com canhões.

FORÇA SÍRIA

A Síria alinha 354 mil combatentes, 4.600 tanques - ao menos 1.600 unidades de T-80/90 russos, da última geração -, 3.200 canhões, 3 mil blindados, 4.200 baterias de mísseis antiaéreos de vários tipos e 632 modernos aviões de combate. A força naval é fraca: duas fragatas e dez lanchas rápidas.

O ponto crítico é o reconhecido Comando Aeroestratégico da Síria, com mísseis com alcance de até 650 quilômetros, dotados de ogivas químicas, e o poder de fogo da defesa antiáerea. Ambas as unidades são assessoradas por consultores russos.