Título: Arcanjo agia para o PT, diz segurança em depoimento
Autor: Rosa Costa
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/06/2006, Nacional, p. A11

Em depoimento fechado à CPI dos Bingos, o segurança Joacir das Neves disse ontem que a lavagem do dinheiro arrecadado em Santo André para abastecer o caixa 2 do PT era feita pelo então chefe do crime organizado em Mato Grosso, João Arcanjo de Oliveira, o Comendador. Joacir trabalhou para Arcanjo de outubro de 2001 a abril de 2002.

Segundo senadores, ele disse que o prefeito da cidade, Celso Daniel, foi assassinado por pessoas do grupo que extorquia as empresas em proveito do partido porque não concordou em desviar dinheiro do caixa 2 para atender a interesses particulares. Segundo ele, era feito o caixa 2 do caixa 2.

Entre os envolvidos, ele citou o empresário Ronan Maria Pinto, o ex-segurança do prefeito Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, e o ex-secretário municipal de Serviços Públicos Klinger Luiz de Oliveira. Joacir disse que, a pedido de Sombra, Comendador indicou José Jesus de Freitas, assassinado em outubro de 2002, para seqüestrar Celso Daniel, mas ele não aceitou a tarefa. O que, segundo relato do depoente reproduzido pelos parlamentares, teria levado Sombra a procurar pistoleiros da Favela do Pantanalzinho, em São Paulo.

Joacir foi ouvido pelo Ministério Público, mas não apresentou provas. Ele esteve no programa federal de proteção à testemunha, saiu e agora, segundo o presidente da CPI, senador Efraim Morais (PFL-PB), quer retornar. Para o parlamentar, o depoimento confirma indícios em poder da comissão de que Celso Daniel foi vítima de um crime encomendado. O segurança identificou Ronan, Klinger e Sombra.

Também foi categórico, de acordo com senadores, quando reconheceu a foto do ex-caixa de campanha de Lula e atual presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Paulo Okamotto, como um dos interlocutores habituais de Comendador. Disse que o então presidente do PT, José Dirceu, também teria se encontrado com o ex-patrão, conforme ouviu na época, mas que nunca o viu pessoalmente.

No mesmo período, Joacir afirmou que ficou sabendo que Comendador teria se encontrado com alguém de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, que representava o então prefeito da cidade, Antonio Palocci.