Título: OceanAir ainda mantém interesse
Autor: Alberto Komatsu
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/06/2006, Economia & Negócios, p. B1

O empresário German Efromovich, dono da OceanAir, ainda não desistiu de comprar a Varig. Segundo fontes do mercado, o empresário se movimenta para tentar aprovar um formato de aquisição da empresa, caso o juiz da 8ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, Luiz Roberto Ayoub, responsável pelo caso Varig, decida pela decretação da falência.

O empresário está disposto a desembolsar U$ 150 milhões pela massa falida da Varig, mas briga para garantir uma segurança jurídica de que conseguiria herdar os direitos de vôo (slots) da Varig. Pela lei brasileira, no caso de falência, uma empresa concessionária de serviço público perde automaticamente a concessão - e, portanto, os direitos de vôo.

Após a realização do leilão, o presidente da OceanAir, Carlos Ebner, afirmou que a empresa decidiu não participar por falta de garantias de que não haveria sucessão de dívidas, em especial a trabalhista. A falência é a única forma em que a lei prevê a venda de uma empresa sem as dívidas trabalhistas - que no caso da Varig são estimadas em US$ 650 milhões. Em contrapartida, na falência de uma companhia aérea perde-se a garantia da transferência dos slots, prevista no modelo de divisão da empresa colocado à venda no leilão.

CODE-SHARE O sonho de Efromovich era fazer um acordo de compartilhamento de vôos (code-share) com a Varig e, quando a falência fosse decretada, ele se veria no direito de usar os slots. O modelo desenhado pelo empresário encontra fortes resistências na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Segundo analistas ouvidos pela reportagem, as empresas concorrentes, principalmente TAM e Gol, jamais iriam admitir que o poder concedente permita uma transferência assim. "Se fosse tão fácil, teria uma fila de gente para comprar a massa falida da Varig", disse um analista que prefere não se identificar.

Fora desse contexto de falência, o empresário já havia feito uma proposta de code-share com a Varig, no início do ano, que foi igualmente vetada pela Anac.

Empresário boliviano naturalizado brasileiro, Efromovich era tido como o principal interessado em adquirir a Varig. No dia do leilão, eram grandes as expectativas de funcionários, e da própria direção da Varig, de que ele iria participar. Mesmo sabendo-se que a oferta que o empresário estaria disposto a fazer ficaria abaixo do preço mínimo estabelecido pela Justiça, acreditava-se que alguma proposta seria feita.

A OceanAir foi a primeira a acessar o data-room com os dados financeiros da Varig. E, em conversas reservadas, alguns executivos falavam inclusive como se já fossem donos da Varig.

No entanto, assim como Gol e TAM, a OceanAir compareceu ao leilão não para fazer propostas concretas, mas para a eventualidade de dar alguma zebra, como a decretação de uma falência, por exemplo. "O juiz Ayoub já concedeu tanta coisa no caso Varig, vai que aparece alguma surpresa de última hora", afirmou um executivo de uma das empresas que se inscreveram para o leilão, mas não deram lance. "Tínhamos que estar presentes para acompanhar."