Título: Mercadante e Serra param de trocar farpas pelo PCC
Autor: Ricardo Brandt, Chico de Gois e Mariana Caetano
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/07/2006, Nacional, p. A7

Depois de trocarem a acusação de que o adversário estaria utilizando a crise na segurança pública de São Paulo com fins eleitorais, PT e PSDB baixaram o tom dos ataques e, embora neguem a existência de pacto de silêncio entre ambos, ontem os dois partidos falaram sobre o assunto evitando detonar algum petardo verbal contra o outro.

José Serra (PSDB), que na semana passada levantou suspeitas de ligação entre o PT e o PCC, amenizou o discurso e disse que "a reação do PSDB foi para que eles (o PT) não faturassem eleitoralmente" em cima da crise da segurança. Ele ainda contestou a interpretação de suas declarações na semana passada. "Eu não disse que era o PT (que estava por trás dos ataques), eu disse que achava estranho o que estava acontecendo."

"Não se pode fazer disso (crise da segurança) um jogo eleitoral. Quem começou foram eles", afirmou Serra após negar ter conhecimento sobre qualquer pacto de não-agressão entre PT e PSDB.

Durante caminhada em Francisco Morato e Franco da Rocha, Serra já havia comentado a crise na segurança, com leves ataques ao governo federal, mas adotando um discurso de união de forças - diferente do tom adotado até então. "A sociedade não tem muita disposição de assistir aos partidos baterem boca" , disse o presidente do PSDB-SP, Sidney Beraldo.

Munido de nova pesquisa de opinião que indicou a reação negativa da população diante do bate-boca, o PT tenta puxar o debate para a discussão objetiva de propostas para a área, além de variar a pauta. "Não é recuo, é diversificar os temas", afirmou um dos coordenadores da campanha petista. Ontem, o candidato do PT ao governo, senador Aloizio Mercadante, negou a existência de um pacto. "O acordo que precisamos fazer é da sociedade paulista com a paz, pelo fim da violência. Enquanto esse acordo não estiver garantido, o tema da segurança estará em pauta e é o tema mais urgente do paulista hoje." Dosando as palavras, registrou os novos ataques do PCC no fim de semana e cobrou do PSDB a apresentação de propostas.

Na declaração mais dura, antes de almoço com sindicatos patronais da construção, disse ser "inacreditável", após 12 anos, a falta de propostas tucanas para a segurança.