Título: Para PSDB, medida é eleitoreira
Autor: Vannildo Mendes
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/07/2006, Metrópole, p. C3

O comando da candidatura tucana ao governo paulista considerou eleitoreira a medida anunciada ontem pela PF. O deputado federal Alberto Goldman, candidato a vice-governador na chapa de José Serra, disparou: "Me parece que o (senador Aloizio) Mercadante está surfando no drama dos agentes penitenciários. E fica claro que há envolvimento do ministro Márcio Thomaz Bastos (da Justiça) no processo eleitoral. É uma ação do Executivo articulada por Mercadante."

O governador Cláudio Lembo não se pronunciou sobre o caso. Em nome do governo, a Secretaria da Administração Penitenciária disse que segue elaborando projeto próprio para autorizar o porte de armas aos agentes, que deve chegar ao Legislativo nos próximos dias.

Indagado sobre se Mercadante estaria capitalizando a medida eleitoralmente, o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, evitou criar polêmica: "Eu não vou dizer que é uma posição eleitoreira, pois não sei qual a intenção dele. Seria uma análise subjetiva de minha parte."

Alckmin disse que concorda com a proposta de permitir que os agentes andem armados fora do horário de serviço, mas entende que isso não resolverá o problema da criminalidade em São Paulo. "Não vejo problemas desde que o agente penitenciário possa pedir o porte de armas", disse o candidato, após reunião do conselho político de sua campanha. "Se for autorizado, quem quiser usar que use. Mas o problema não é este. O problema é identificar as organizações criminosas e prender os criminosos - tem mais de 300 presos. E esse esforço vem sendo feito."

A liberação do porte para agentes divide especialistas. O secretário nacional de Segurança no governo Fernando Henrique Cardoso, José Vicente da Silva, apoiou a medida. Pesquisador do Instituto Fernand Braudel, ele argumentou que o Estado deve oferecer proteção a funcionários sob ameaça. Mas lembrou que há outras providências, como transferir os agentes de unidades e garantir policiamento em suas casas.

O vice-presidente do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais, Sérgio Mazina, criticou a liberação. "Não me parece que o Estado possa, de uma hora para outra, armar e treinar dezenas de milhares de agentes." Para ele, a alternativa é criar um sistema de inteligência policial.