Título: Para Alckmin, Lula quer tirar foco da corrupção
Autor: Eduardo Kattah
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/08/2006, Nacional, p. A9

O candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, disse ontem que a proposta do presidente Lula de convocar uma Assembléia Constituinte tem o objetivo de tirar atenção das denúncias de corrupção no governo federal. "Já não basta um Congresso, vai ter dois para fazer uma reforma política? Mas que reforma é essa? Isso é para desviar o tema da corrupção. Só pode ser, porque é tão sem sentido isso", afirmou o tucano, em visita a Belo Horizonte.

Na avaliação do candidato tucano, a convocação de uma Constituinte deve ser precedida de uma grande mudança política no País. "Não vejo razão para neste momento fazer outra assembléia. Muitas coisas não dependem de lei, é só mudar a Constituição. É governo, seriedade, honestidade e boa gestão da coisa pública."

Já o governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), evitou criticar a proposta. "Não fecho porta para nenhuma alternativa às reformas. O que é fundamental é que elas ocorram."

A respeito da aprovação, pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, do projeto que acaba com a reeleição, Alckmin indicou que não vai impor obstáculos à medida. Mas defendeu a manutenção do mandato de quatro anos. "Mandato de cinco anos, você vai ter eleição todo ano", observou. "Isso não é bom para o Brasil. Quatro anos dá para fazer um bom mandato." Em seguida, concluiu: "Sem reeleição e com bons serviços à população."

Alckmin, Aécio e o ex-presidente Itamar Franco (sem partido) participaram do seminário Renovar Idéias: o Desafio de uma Saúde de Qualidade, promovido pelo Instituto Teotônio Vilela, em parceria com a Executiva Nacional do partido. O evento não contou com a presença do presidente nacional do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), conforme estava previsto. Foi o primeiro compromisso de Itamar ao lado do presidenciável.

Alckmin acusou o governo Lula de retroceder na área da saúde e impedir a regulamentação da proposta de emenda constitucional 29, que estabelece gastos mínimos dos Executivos em saúde. "Só no ano passado foi R$ 1,6 bilhão que foram retirados da saúde."

Antes do seminário, Alckmin visitou a Santa Casa de Misericórdia, onde se reuniu com médicos e funcionários. Na saída de uma maternidade, no mesmo prédio, a aposentada Célia Prudente constrangeu a comitiva ao reclamar das instalações e do atendimento do hospital. Alckmin não parou. O presidente do PPS, deputado Roberto Freire (PE), ouviu as queixas e disse que a culpa era de Lula.