Título: Campanha milionária, milionários candidatos
Autor: João Domingos
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/07/2006, Nacional, p. A8

A declaração de bens feita ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pelos candidatos às eleições revelam que alguns são muito, muito ricos. O deputado Ronaldo Cezar Coelho (PSDB-RJ), que disputa uma vaga de senador, é o dono da maior fortuna: R$ 492 milhões, R$ 213 milhões a mais do que pretendem gastar os oito candidatos a presidente da República.

O vice-campeão dos candidatos milionários é o senador Paulo Octávio (PFL-DF). Ele ainda tem quatro anos de mandato pela frente. É candidato a vice-governador do Distrito Federal na chapa do deputado José Roberto Arruda, também do PFL. Os bens de Paulo Octávio estão avaliados em R$ 323 milhões. Só a Paulo Octávio Investimentos Imobiliários, a maior construtora e incorporadora de Brasília, vale R$ 319 milhões. O senador ainda é dono de hotéis e emissoras de rádio e TV.

A declaração de bens dos candidatos revela também outros dados curiosos. O ex-presidente da Câmara Severino Cavalcanti (PP-PE) sempre guardou dinheiro debaixo do colchão. Declarou ao TSE que hoje tem R$ 320 mil lá, bem seguros. Ele não é o único a deixar o dinheiro em casa. O ex-senador Amazonino Mendes, que concorre ao governo do Amazonas pelo PFL, revela que tem mais de R$ 1,6 milhão guardados, em espécie. O mesmo fez André Puccinelli, candidato do PMDB ao governo de Mato Grosso do Sul. Ele disse à Justiça Eleitoral que dispõe de R$ 1,4 milhão em dinheiro. O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB), que disputa o governo de Roraima, tem em casa R$ 410 mil.

O que leva pessoas tão ricas quanto Ronaldo Cezar Coelho a se tornar políticos e fazer campanhas desgastantes? Porque gosta, explica ele. ¿Aprendi que a política tem sutilezas que o mundo dos negócios não tem.¿ Em 1983, aos 36 anos, já milionário, vendeu por U$ 600 milhões o Banco Multiplic, mas ficou frustrado, conta.

Diz que buscou a saída para suas angústias na política. Engajou-se na campanha das Diretas-Já de 1984, ficou amigo de Tancredo Neves e se elegeu deputado em 1986. Na Constituinte, apresentou emenda que determinou multa de 40% sobre o valor do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço quando a demissão é sem justa causa.