Título: Justiça confisca bens da E-Vote
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Fonte: O Estado de São Paulo, 19/10/2006, Internacional, p. A18

O juiz equatoriano Jaime Santos ordenou ontem o confisco de bens da empresa brasileira E-Vote e proibiu seu representante no Equador, o argentino Santiago Murray, de sair do país. A decisão foi tomada a pedido do promotor da província de Pichincha (onde fica Quito), Washington Pasántez, que investiga a E-Vote por suposta fraude no fracassado processo de contagem rápida de votos da eleição presidencial de domingo.

O presidente da E-Vote, Paulo Martins, rejeitou, entretanto, as acusações do candidato esquerdista equatoriano Rafael Correa de que mantém vínculos políticos com outros aspirantes à presidência do Equador. A empresa foi contratada para realizar a contagem rápida da eleição, mas seus sistemas entraram em colapso, lançando o país na incerteza e alimentando suspeitas de fraude.

Em entrevista à emissora Teleamazonas, Martins qualificou de ¿mentirosa¿ a afirmação de Correa, apoiado por Hugo Chávez, de que pelo menos uma das empresas subcontratadas pela E-Vote no Equador é ligada ao direitista Partido Social Cristão (PSC). A empresa foi contratada por US$ 5,2 milhões pelas autoridades eleitorais e deveria informar o resultado final de sua contagem rápida ainda no domingo. Mas o sistema da E-Vote entrou em pane quando cerca de 30% dos votos ainda não tinham sido apurados.

O presidente do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE), Xavier Cazar, anunciou na segunda-feira o rompimento do contrato com a E-Vote, mas Martins disse não ter sido informado do rompimento.

Com a E-Vote fora do páreo, o TSE prometia encerrar ontem a apuração oficial. Até a noite, com 90,2% dos votos apurados, o milionário Álvaro Noboa tinha 26,3% dos votos e Correa, 23%. Os dois disputarão o segundo turno, em 26 de novembro. Em terceiro lugar na recontagem estava o populista Gilmar Gutiérrez (17,6% dos votos), irmão do ex-presidente Lucio Gutiérrez, seguido do social-democrata León Roldós, com 15,1% - que ontem declarou apoio a Correa para a segunda votação.

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