Título: MT quer dinheiro retido em renegociação da dívida
Autor: Fabio Graner
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/11/2006, Nacional, p. A10

Estado é um dos dez cujos governadores cobram recursos, por conta do apoio dado a candidatos do governo

Fabio Graner

Na tentativa de arrumar mais dinheiro para seus Estados, os governadores do Mato Grosso, Blairo Maggi, e do Mato Grosso do Sul, Zeca do PT, pediram ontem ao Tesouro Nacional a liberação de recursos retidos a título de caução de dívida renegociada entre os Estados e a União. Segundo Blairo, as garantias dos dois Estados somam US$ 60 milhões - cerca de US$ 30 milhões para cada um - e poderiam ser utilizadas livremente, pelos governos, para qualquer tipo de despesa. O pedido é parte de uma campanha maior, de um total de dez Estados que, passadas as eleições, buscam semelhantes benefícios junto ao Tesouro, em função do apoio dado a seus candidatos.

A proposta apresentada ao Tesouro, segundo Blairo, é que os recursos das cauções liberadas retornem aos cofres federais em 36 parcelas. Mas há ainda um longo caminho a percorrer para que a idéia se concretize. O pedido de liberação da caução será analisado pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, como confirmou a assessoria de imprensa do Ministério da Fazenda.

Questionado sobre a possibilidade de o governo flexibilizar a dívida dos Estados com a União, Blairo afirmou que essa seria uma boa decisão, pois liberaria os Estados para investirem em infra-estrutura e na área social. Para ele, essa flexibilização não poderia ser utilizada para elevação das despesas correntes.

'Olhando para esses dez anos, percebemos que aquela negociação não foi boa', concluiu o governador, referindo-se à reestruturação das dívidas dos Estados. 'Estamos sacrificando uma geração e vamos sacrificar outra se não tivermos dinheiro para fazer investimentos. Enxugamos tudo o que podíamos e estamos em cima dos outros Poderes para que enxuguem também. Um relaxamento nesse endividamento, uma carência de dois anos, qualquer coisa desse tipo significa mais dinheiro para investir em infra-estrutura ou no social, e não em pessoal', acrescentou.

AGRICULTURA

Ele negou que tenha feito indicação de nomes ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a pasta da Agricultura. Sobre as especulações em torno de uma possível indicação de Delfim Neto (PMDB) para aquele ministério, disse que o deputado, não reeleito, teve uma grande passagem pela Agricultura. Lembrou, porém, que Delfim tem quase 80 anos. 'O Brasil precisa de gente para correr o País todo. Se ele tiver condição, ok.'