Título: No Orkut, o alimento é inimigo
Autor: Paulo Baraldi
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/11/2006, Metrópole, p. C6

Uma menina que amava batatas fritas, milk shake e açaí na tigela, mas que se privava desses prazeres gastronômicos para não engordar e ficar dentro dos padrões do mercado da moda. Pela página da modelo Ana Carolina Reston no site de relacionamentos Orkut, sua doença passaria quase imperceptível se não fosse a comunidade 'Magrinhas rulez (sic) - Só os ossos pride, para quem é só o esqueleto e não tem vergonha disso'.Carolina fazia parte de grupos como 'Eu amo batata frita' e 'Adoro tomar milk shake', ao contrário de participantes de comunidades que incentivam os distúrbios alimentares. Ontem, centenas de recados refletiam o que pensam as pessoas sobre a anorexia. Houve quem culpou a profissão e quem desejava paz.

Comunidades Pró-Ana e Mia, como as doentes apelidaram a Anorexia e Bulimia, não param de aumentar. Nelas, o alimento é visto como inimigo. Mais da metade das participantes usa perfil falso, com fotos de modelos magérrimas. Ali, elas discutem métodos radicais de emagrecimento, como 'miar' (vomitar) e incentivam-se a aderir a dietas de poucas calorias (low food) ou ao jejum absoluto (no food). Um comunidade com 2.150 membros dizia: ' Ser magra é mais importante do que ser saudável'.