Título: Gasto com Bolsa-Família em relação ao PIB deve cair no ano que vem
Autor: Leonencio Nossa, Marcelo Auler
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/09/2006, Nacional, p. A6

Pela primeira vez desde que foi criado, o programa Bolsa-Família sofrerá uma desaceleração. As verbas destinadas ao programa na proposta orçamentária da União para 2007, divulgada na semana passada, são menores do que as deste ano, em comparação com o Produto Interno Bruto (PIB). Em 2006, o Orçamento da União prevê R$ 8,3 bilhões para o Bolsa-Família, o que corresponde a 0,40% do Produto Interno Bruto (PIB). Para 2007, a proposta estima R$ 8,6 bilhões ou 0,36% do PIB projetado para o próximo ano.

O aumento das verbas em 2007 para o Bolsa-Família não cobrirá sequer a inflação estimada para o período. Ou seja, o aumento dos recursos concedido ao programa é de 3,6% para um IPCA previsto de 4,5%. É a menor elevação das verbas desde que o Bolsa-Família foi instituído. Em 2003, as verbas correspondiam a 0,21% do PIB. Em 2004, a 0,30%. Em 2005, a 0,33%. E, em 2006, a 0,40%.

Na proposta orçamentária para 2007, o governo informa que não pretende ampliar o número de famílias atendidas pelo programa. Neste ano, a previsão oficial é de que 11,1 milhões de famílias serão beneficiadas. No próximo ano, a meta é atender o mesmo número de famílias. Tampouco há previsão orçamentária para o aumento do valor dos benefícios.

O maior crescimento do Bolsa-Família ocorreu agora, em ano de eleições gerais. O número de famílias beneficiadas passou de 8,7 milhões, em 2005, para 11,1 milhões, neste ano, o que significa um crescimento de 27,6%. Os recursos aplicados subiram de R$ 6,4 bilhões para R$ 8,3 bilhões.

ABONO

Na área social, não é apenas o Bolsa-Família que terá desaceleração de gastos no próximo ano. Também as verbas para o abono salarial e seguro-desemprego deverão diminuir, em proporção do PIB. As verbas para a área de saúde terão crescimento de apenas 3,4%, também inferior à inflação prevista para o período. As dotações para a área de educação terão um crescimento de 14,8% em 2007, em comparação com 2006.