Título: Israel ainda controla aldeia no sul do Líbano
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Fonte: O Estado de São Paulo, 02/10/2006, Internacional, p. A4

Apesar de ter anunciado que se retiraria ontem completamente do Líbano, o Exército de Israel mantém ainda o controle de um vilarejo no extremo sul do país, perto da fronteira. Na véspera do feriado judaico do Yom Kipur (Dia do Perdão), iniciado no pôr de sol de ontem, Israe l removeu centenas de soldados e tanques que estavam posicionados em dez localidades ao longo da fronteira. O governo do Líbano e o grupo xiita libanês Hezbollah pediram providências à ONU para que a retirada seja de fato finalizada.

Mas o comandante das forças de paz da ONU no sul libanês (a Finul), o general francês Alain Pellegrini, considerou que Israel realizou um 'avanço significativo', embora ainda permaneça na aldeia de Ghayar. 'Espero que abandonem esta região no decorrer desta semana para completar a retirada, como está estipulado na Resolução 1.701 do Conselho de Segurança da ONU', disse o general. Essa resolução determinou as condições para o cessar-fogo que, em 14 de agosto, pôs fim a 34 dias de confrontos entre Israel e o Hezbollah.

Ghayar está na'linha azul', a demarcação da fronteira efetuada pela ONU em maio de 2000, quando Israel removeu seu Exército do sul do Líbano após 22 anos de permanência no país. Antes de remover as tropas de Ghayar, o governo israelense está exigindo garantias de que o Hezbollah não voltará a fincar bases na área.

Os moradores dos vilarejos no sul libanês demonstraram satisfação ao ver as tropas e tanques partirem para Israel, mas houve poucas celebrações. A população está mais preocupada agora em reconstruir suas casas e a infra-estrutura local destruída pelos israelenses (leia ao lado).

Desde o início do cessar-fogo, Israel vem gradualmente removendo suas tropas do Líbano. No auge do conflito, o país chegou a enviar 30 mil soldados para a área. Como parte do acordo que pôs fim à guerra, a Finul manterá 15 mil soldados no sul do Líbano e o Exército libanês assumirá o controle da região, que antes estava em mãos do Hezbollah. Essas medidas têm como objetivo evitar que o Hezbollah volte a usar a região como base de ataques contra Israel.