Título: Procuradoria apura relação entre Aurélio e Freud
Autor: Ricardo Brandt, Fausto Macedo
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/10/2006, Nacional, p. A10

A Procuradoria da República em Cuiabá vai investigar o assessor especial da Presidência Rogério Aurélio Pimentel, que na quarta-feira esteve reunido em São Paulo por quase três horas com Freud Godoy - um dos principais alvos da investigação sobre a tentativa de compra do dossiê Vedoin, com denúncias contra tucanos. O encontro foi revelado ontem com exclusividade pelo Estado.

A procuradoria já investigava o ex-assessor especial da Presidência Freud Godoy, depois que ele foi apontado pelo advogado Gedimar Passos como mandante da operação de compra do dossiê. Gedimar e Valdebran Padilha foram presos pela Polícia Federal no dia 15 de setembro em um hotel de São Paulo. Com eles foi apreendido o R$ 1,75 milhão que está sendo rastreado pela PF.

As autoridades agora querem saber que relações tinham Aurélio Pimentel e Freud Godoy e qual assunto trataram nesse encontro, que aconteceu em meio às suspeitas de uma operação abafa para evitar que a crise chegue ao gabinete presidencial, no Palácio do Planalto.

Aurélio ocupa na Presidência o mesmo cargo que Freud - afastado após ter o nome envolvido no escândalo. Dividia com ele a mesma função, a mesma sala e até o mesmo telefone. A relação profissional e de amizade entre os dois homens do presidente é de mais de 20 anos.

Segundo o advogado de Freud, Augusto Botelho, o encontro da quarta-feira foi um 'almoço entre dois amigos', onde não se discutiram nem assuntos de trabalho nem assuntos relacionados ao caso do dossiê Vedoin. Botelho disse ainda que Freud foi à casa de Aurélio buscar uma planta.

MAIS ELEMENTOS

Para a procuradoria, pode haver mais elementos sobre o encontro entre Aurélio Pimentel e Freud no apartamento 183 do bloco B, no condomínio Torres da Mooca e qual a função dos três homens que fizeram a segurança do presidente Lula: Freud Godoy, Aurélio Pimentel e José Carlos Espinoza.

Ex-chefe do gabinete regional da Presidência em São Paulo, Espinoza é um dos coordenadores locais da campanha de Lula e mora no mesmo prédio que Aurélio, no Torres da Mooca. Antes, ele fez parte da segurança pessoal de Lula.

Seu apartamento foi usado no dia 19 de setembro para outro encontro de Freud. Dessa vez com o tesoureiro do PT e responsável pela infra-estrutura da campanha de Lula, Paulo Ferreira.

Os dois teriam usado o apartamento de Espinoza para que Paulo Ferreira prestasse solidariedade ao amigo Freud - que um dia antes havia dado depoimento e passado por acareação na sede da PF em São Paulo. Ferreira também queria se inteirar do caso, de acordo com o advogado de Freud.

O ex-assessor do presidente Lula teve seu nome citado, mas ainda não há provas que o relacionem ao caso. A procuradoria já conseguiu na Justiça a quebra dos sigilos bancários e telefônicos de Freud, mas quer ainda ampliar a devassa.