Título: Garotinho anuncia apoio a Alckmin e Temer promete adesões do PMDB
Autor: Ana Paula Scinocca
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/10/2006, Nacional, p. A9

O candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, recebeu ontem o primeiro apoio formal à sua campanha no segundo turno - o da governadora do Rio, Rosinha Garotinho (PMDB), e de seu marido, o ex-governador Anthony Garotinho (PMDB). A adesão do casal dividiu tradicionais aliados e recebeu críticas de um dos coordenadores da campanha tucana no Rio, o prefeito César Maia (PFL).

Ao lado do presidente nacional do PMDB, Michel Temer, que prometeu empenho para reforçar o palanque tucano com outros integrantes de seu partido, o candidato do PSDB agradeceu o apoio do casal Garotinho. Alguns aliados dos tucanos, contudo, avaliam que a adesão pode mais tirar do que trazer votos na disputa pelo Palácio do Planalto.

'Apoio se recebe e se agradece', disse Alckmin, ao ser questionado sobre as críticas de Maia, que até sugeriu ao presidenciável do PSDB não posar para fotografias ao lado do casal Garotinho. 'Não nos foi solicitado nada que não o compromisso com a agenda de crescimento do Brasil', assegurou.

'O César Maia é uma pessoa que gosta de polêmica. Nem tudo o que ele fala deve ser levado a sério', emendou Garotinho, ironizando o fato de que o filho do prefeito do Rio, o deputado Rodrigo Maia (PFL), recebeu menos votos para a Câmara do que o candidato apoiado por ele, Geraldo Pudim (PMDB).

O casal comentou a decisão do candidato de seu partido ao governo do Rio, Sérgio Cabral, de ter fechado apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que concorre à reeleição. 'Vamos fazer palanques pessoais no Rio', disse Garotinho, ao frisar que não subirá no palco em que Lula estiver. O ex-governador também declarou que não aparecerá ao lado de Denise Frossard (PPS), que é apoiada por Alckmin na disputa estadual. 'No Rio vamos ter Cabral e Lula e Cabral e Alckmin', observou, referindo-se a comitês de apoio tanto ao candidato peemedebista no segundo turno fluminense quanto ao tucano na eleição presidencial.

Garotinho, que chegou a ser lançado pré-candidato do PMDB à Presidência, fez uma série de ataques a Lula. Ele mencionou os escândalos de corrupção do governo petista e disse que Alckmin é o mais preparado para administrar o Brasil.

Também acusado de receber dinheiro de origem suspeita, o ex-governador do Rio se defendeu. 'As denúncias contra mim não foram comprovadas', afirmou. E acrescentou que, se denúncia atrapalhasse campanha, 'Lula não teria nem 5% de votos'.

Frente a frente com Garotinho, Alckmin foi questionado se reafirmava o que dissera na véspera - 'Diga-me com que andas que eu te direi quem és'. O candidato do PSDB respondeu: 'Mas é claro, não mudei absolutamente nada.'

Ao falar sobre o governo Lula, Garotinho afirmou que nunca se viu 'um governo com tantos escândalos e corrupção'. 'A Polícia Federal age de um jeito em relação às pessoas comuns, mas não do mesmo jeito em relação a Marcos Valério e Delúbio Soares', afirmou o ex-governador, ao se referir aos envolvidos no esquema do mensalão.

A governadora do Rio, Rosinha Garotinho, seguiu a mesma linha. Mencionou que já votou em Alckmin no primeiro turno e acusou Lula de ter abandonado o Estado do Rio. 'Eu, como governadora, nunca tive relação institucional com o governo Lula. Ele (o presidente) tira recursos do Rio.' Ao tratar da questão ética, Rosinha afirmou que há crimes confessados no governo do PT. 'Precisamos acabar com a farsa. Não existe lei para os amigos do Lula.'

O casal Garotinho chegou ao escritório político de Alckmin, em São Paulo, pouco depois das 16 horas. Além de Rosinha e de Garotinho, também participou da reunião de apoio ontem o deputado Moreira Franco (PMDB-RJ). A filha do casal, Clarissa, acompanhou os pais em São Paulo. A jovem vestia uma camiseta preta com a seguinte frase: 'Fora Lula.' No fim do dia, Alckmin participou de reunião com os presidentes do PSDB, Tasso Jereissati, do PFL, Jorge Bornhausen, e do PPS, Roberto Freire.

Alcântara volta ao ninho, após flertar com Lula no 1º turno O governador do Ceará, Lúcio Alcântara (PSDB), candidato derrotado à reeleição, foi um dos primeiros a manifestar pessoalmente apoio a Geraldo Alckmin no segundo turno. Alcântara ficou marcado por tentar colar sua imagem à do presidente Lula, no horário eleitoral gratuito. Todas as pesquisas davam como certa a reeleição de Lula no primeiro turno.