Título: Bancários preparam greve nacional a partir de amanhã
Autor: Marcelo Rehder
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/10/2006, Economia, p. B4

Os sindicatos de bancários preparam uma greve nacional da categoria por tempo indeterminado a partir de amanhã para pressionar os bancos a concederem aumento real de salários. A paralisação será votada em assembléias de trabalhadores marcadas para hoje à noite em todo o País . O Comando Nacional dos Bancários decidiu ontem orientar a categoria a cruzar os braços, depois de avaliar a nova proposta da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), considerada insuficiente.

Na reunião de ontem, os negociadores da Fenaban melhoraram a proposta de reajuste salarial para os bancários de 2% para 2,85%. Esse porcentual é equivalente à inflação acumulada em 12 meses até setembro, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

'Não vamos fechar acordo que não estabeleça aumento real de salários (acima da inflação)', disse o presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Luiz Cláudio Marcolino. 'A idéia é arrancar uma proposta melhor com a realização da grave nacional'.

A Fenaban elevou a proposta também em relação ao pagamento do prêmio de Participação nos Lucros ou Resultados (PLR). Os bancos oferecem agora 80% do salário mais um valor fixo de R$ 823 a título de PLR. Na oferta anterior, o valor fixo era menor, de R$ 816. Além disso, nas instituições que tiverem crescimento de 20% ou mais no lucro líquido, o prêmio seria acrescido de R$ 750.

'Além de não oferecer aumento real de salário, a nova proposta dos banqueiros manteve uma PLR que não contempla todos os trabalhadores nem representa uma distribuição mais justa do crescimento do lucro do setor', disse Marcolino.

Com data-base para reajuste salarial em 1.º de setembro, a categoria reivindica aumento real de 7,05%, além da reposição da inflação, e PLR de 5% do lucro líquido dos bancos mais um salário bruto acrescido de R$ 1.500 para todos os trabalhadores.

No País todo há cerca de 400 mil bancários. Só em São Paulo, Osasco e Região, são 106 mil trabalhadores. No ano passado, após seis dias de greve, os bancários conquistaram reajuste de 6%, que representou aumento real de 1%, mais R$ 1.700 de abono e PLR mínima de 80% do salário mais R$ 800.

'A campanha deste ano foi estruturada em cima de um resultado melhor que o de 2005',observou o sindicalista.

Na terça-feira da semana passada, os bancários fizeram paralisação de advertência por 24 horas. Alguns dos 108 sindicatos filiados Central Única dos Trabalhadores (CUT) ainda mantinham paralisação ontem no Rio, Belo Horizonte e Brasília, entre outras regiões. A Fenaban informou que tomará medidas legais cabíveis para que as agências funcionem normalmente, garantindo o livre acesso de funcionários e clientes.