Título: Sucessão federal não influencia disputas locais
Autor: João Domingos
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/08/2006, Nacional, p. A15

As pesquisas indicam que as eleições presidenciais não são influenciadas pelas disputas locais, que devem manter o atual jogo de forças entre os partidos. A vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Geraldo Alckmin (PSDB), Heloísa Helena (PSOL) ou Cristovam Buarque (PDT) não mudará a cara regional das legendas. O PSDB tende a preservar a hegemonia em São Paulo, Minas e Ceará. O PT corre o risco de continuar no comando de apenas três pequenos Estados (Acre, Piauí e Sergipe). E o PMDB deve se consolidar como a maior legenda.

Na eleição para presidente, a massa vai para um lado. Na dos governadores, senadores e deputados, para outro. A tendência para a eleição dos governadores mostra que será preservado o equilíbrio de forças entre situação e oposição.

O PMDB, com possibilidade de eleger entre 9 e 11 governadores, continuará a ser o partido mais cortejado pelo futuro presidente. A previsão é de que, além de eleger o maior número de governadores, faça também uma bancada de 90 deputados. Para o PMDB, ficar longe da disputa presidencial virou bom negócio, que lhe dá sustentação política nos Estados e poder de negociação com o governo federal que nenhum partido tem.

Em números absolutos, Lula tem 14 governadores aliados contra 13 da oposição. Se for mantida a tendência de votos, o quadro não terá alteração. Mas, ser de um partido aliado não quer dizer que o governador é de fato um amigo. Entre os governadores do PMDB há os que são seus inimigos, caso de Rosinha Matheus (e de seu provável sucessor, Sérgio Cabral). Em Mato Grosso do Sul, onde hoje o governador é Zeca do PT, Lula deverá ganhar outro inimigo, o favoritíssimo André Puccinelli (PMDB). Há aqueles que, mesmo na oposição, procuram manter-se neutros numa disputa mais acirrada, como Germano Rigotto, do Rio Grande do Sul, e Luiz Henrique da Silveira, de Santa Catarina.

A relação de Alckmin com os governadores seria mais fácil do que a de Lula. Pelas pesquisas, PSDB, PFL e PPS, os três maiores partidos de oposição, elegeriam 13 governadores. Como a tendência é de parte do PMDB se aproximar do presidente eleito, e que o mesmo deve ser feito por PTB e PSB, o tucano poderia ter entre os aliados pelo menos 20 dos 27 governadores. Na oposição, ficariam os governadores do PT.