Título: Imagem mostra R$ 1,75 milhão apreendido pela PF
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Fonte: O Estado de São Paulo, 30/09/2006, Nacional, p. A4

A 48 horas das eleições, na manhã de ontem, a Polícia Federal em São Paulo abriu um segredo que o governo Lula mantinha guardado a sete chaves - as imagens da montanha de dinheiro que o PT levantou para comprar o dossiê anti-José Serra, do PSDB.

São 23 fotografias arquivadas em um CD. Elas mostram as pilhas de cédulas que somam R$ 1,75 milhão, divididos em dólares (US$ 248,8 mil) e em reais (R$ 1,16 milhão). Maços de reais novinhos em folha e seriados, o que indica que a quantia pode ter saído de uma mesma fonte. São 26 maços de dólares. O delegado Geraldo José de Araújo, superintendente da PF paulista, confirmou a autenticidade das fotos.

O dinheiro foi apreendido pela PF na madrugada de 15 de setembro, em poder de Gedimar Passos e Valdebran Padilha, protagonistas da trama que pretendia jogar Serra na lama dos sanguessugas. Naquele dia, sexta-feira, um policial da Delegacia de Crimes Financeiros (Delefin) usou uma máquina digital para fazer fotos da dinheirama que aflige o Palácio do Planalto. Horas depois, porém, a máquina e as fotos desapareceram.

Tudo foi enviado a Brasília, não ficou nada em São Paulo. O governo cercou de mistério o dinheiro, sob alegação de que a divulgação das imagens não seria um procedimento adequado, e fez de tudo para impedir seu vazamento. A medida contraria a conduta da PF em casos similares.

O que o Planalto não esperava é que fonte graduada da própria PF, subordinada ao Ministério da Justiça, fosse distribuir o documento, pondo fim ao segredo do governo e do PT. A operação vazamento começou a ser montada na quinta-feira, quando a PF decidiu fazer uma perícia nas notas. O trabalho foi executado na sala de conferência da Protege S/A Proteção e Transporte de Valores, em São Paulo. A empresa mantém em custódia o dinheiro do dossiê que, formalmente, está depositado no Banco Central e na Caixa Econômica Federal.

A perícia foi comandada pelo delegado Edmilson Bruno, da Delegacia de Combate a Crimes Fazendários. O delegado, cinco peritos da PF e dois inspetores do BC registraram os números de série, fizeram a contagem e bateram as fotos.

O material deveria ter sido entregue ontem ao procurador da República Mário Lúcio Avelar e ao delegado Diógenes Curado Filho, da PF em Mato Grosso, responsáveis pela investigação. Mas um fato surpreendente mudou toda a história: o delegado Bruno anunciou, no início da tarde, que o CD original desapareceu de seu gabinete, no 7º andar da sede da PF, no bairro da Lapa. Logo, as fotos estavam na imprensa.