Título: Para irmão de refém brasileiro, prisão de radical é 'irrelevante'
Autor: Mazzetti, Mark
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/09/2006, Internacional, p. A10
A captura de um líder de um grupo terrorista iraquiano envolvido no seqüestro, em 2005, do brasileiro João José Vasconcellos não conseguiu renovar as esperanças do irmão do engenheiro. O também engenheiro Luis Henrique Vasconcellos indicou ontem acreditar que seu irmão já esteja morto e mostrou-se cético quanto à possibilidade de que o terrorista detido, Muntasir Muhammad al-Jaburi, tenha informações sobre o destino de João.
'Esse caso específico (a captura de Jaburi) não quer dizer nada', disse Luis Henrique. 'Afinal, não sabemos o grau de envolvimento dessa pessoa na rede. Então, para nós, esse fato é irrelevante.'
Jaburi foi preso sexta-feira perto de Bagdá. O governo iraquiano o descreveu como 'líder-chave' do grupo Ansar al-Sunna, vinculado a outra organização terrorista, as Brigadas Mujahedin. Os dois grupos assumiram no ano passado a responsabilidade pelo seqüestro de João José Vasconcellos. O engenheiro, funcionário da construtora Odebrecht, foi capturado perto de Beiji (250 quilômetros ao norte de Bagdá) em 19 de janeiro de 2005, quando se dirigia ao aeroporto para deixar o Iraque.
Assim que receberam a notícia da prisão de Jaburi, representantes do Itamaraty entraram em contato com a família Vasconcellos. 'O governo vem nos mantendo informados sobre os acontecimentos envolvendo o seqüestro', disse Luis Henrique. 'Parte da família mantém esperanças (de que João esteja vivo). Pessoalmente, não acredito mais.' Apesar disso, Luis Henrique disse que a família não aceitará oficialmente a hipótese de que João tenha sido morto até o caso estar totalmente esclarecido.
Em Brasília, o Ministério das Relações Exteriores declarou que não se pronunciará sobre a prisão de Jaburi ou o caso Vasconcellos. 'A situação é delicada demais para uma posição imediata do Itamaraty. Não há nenhuma informação adicional sobre o caso', informou a assessoria do Itamaraty, acrescentando que é preciso ter a confirmação de que o Ansar al-Sunna foi mesmo responsável pelo seqüestro antes de emitir uma posição oficial. O núcleo do Iraque na embaixada brasileira em Amã e o embaixador extraordinário para o Oriente Médio, Afonso Celso de Ouro Preto, acompanham a evolução dos acontecimentos no Iraque.