Título: Mercúrio vai curar feridas, diz Lula
Autor: Domingos, João
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/02/2007, Nacional, p. A5

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que vai usar 'mercúrio' para curar as feridas causadas pela disputa para a presidência da Câmara em sua base de sustentação no Congresso. 'Um pouco de mercúrio resolve o problema', disse Lula, pela manhã, logo depois de participar da cerimônia de reinício dos trabalhos do Judiciário, no Supremo Tribunal Federal (STF).

Apesar da brincadeira, Lula estava preocupado com a recomposição da base aliada, que sofreu inúmeros desgastes nos últimos dias por conta da briga entre os deputados Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Aldo Rebelo (PC do B-SP). 'Como não tenho voto lá, estou aguardando o resultado para depois juntar os nossos companheiros, conversar e tocar o barco.'

Lula frisou que, como presidente, tem de se relacionar com os presidentes da Câmara e do Senado 'como instituição'. 'Eu trabalho com o presidente do Congresso, do Senado e da Câmara como instituições. Não é uma relação pessoal, é uma relação entre Poderes autônomos.'

'Acho que o Congresso, com todas as divergências, sempre teve uma cultura que precisa ser respeitada. O maior partido tem que ter o presidente. Essa é uma prática histórica que não foi quebrada nem no regime militar', destacou Lula. 'Ela é saudável, para que haja o aumento do respeito entre os partidos, para que haja a necessidade de as pessoas saberem que acordos firmados serão cumpridos.'

Para Lula, com a candidatura de Gustavo Fruet (PSDB-PR), a oposição queria 'marcar posição'. 'A gente não tem que ficar sofrendo com isso e achar ruim. Somos um País em que estamos construindo a nossa democracia e ela vai cada vez mais se consolidando.'

NOTA

À noite, após as eleições, o presidente Lula divulgou nota parabenizando Renan e Aldo 'pelo excelente trabalho realizado à frente do Parlamento no período que ora se encerra'. Por fim, cumprimentou os vitoriosos de ontem. 'Estou seguro de que, com o senador Renan Calheiros e o deputado Arlindo Chinaglia na condução das Casas que compõem o Congresso, o Executivo continuará a ter interlocutores independentes, como devem ser os Poderes da República, porém sempre voltados para os interesses maiores da sociedade brasileira.'