Título: Recuperação no 4º trimestre ajuda no resultado do ano
Autor: Brandão Junior, Nilson
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/03/2007, Economia, p. B3

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 2,9% no ano passado. O resultado superou um pouco as estimativas de mercado, que indicavam 2,7%. Foi influenciado pelo crescimento do consumo das famílias (3,8%) e do investimento (6,3%) e puxado pelo desempenho do quarto trimestre. A recuperação no fim do ano deverá provocar um efeito positivo sobre 2007, mas ainda não garante o crescimento de 4,5% a 5%, como espera o governo. As projeções são de aumento do PIB entre 3,5% e 4% para este ano.

Com a taxa de 2006, o crescimento médio do PIB do País foi de 2,6% no governo Lula, idêntico ao do primeiro mandato de Fernando Henrique e superior aos 2,1% do segundo. Nos últimos quatro anos, contudo, aumentou a diferença entre o crescimento brasileiro e o da economia mundial. Tanto o consumo das famílias quanto os investimentos estão crescendo por três anos consecutivos e têm impulsionado a economia, diz o coordenador de contas nacionais do IBGE, Roberto Olinto.

Redução dos juros, aumento do crédito para empresas e o câmbio baixo, que estimulou a importação de máquinas, favoreceram a expansão dos investimentos. Já o consumo das famílias foi estimulado pelo crescimento da massa salarial (5,6%) e do volume de crédito para pessoa física (29,9%).

SETOR EXTERNO

Os demais componentes da demanda do PIB cresceram assim: consumo do governo, 2,1%; exportação, 5%; e importação 18,1%. O crescimento das vendas externas no ano anterior havia sido de 11,6% e das importações de 9,5%. Pela primeira vez desde 2000 o setor externo gerou contribuição negativa (-1,4 ponto porcentual) para o PIB, enquanto a interna provocou impacto positivo de 4,2 pontos. Os principais motivos foram o câmbio fraco e a aceleração da economia, que cresceu apenas 2,3% em 2005.

Por setores, a agropecuária mostrou recuperação e cresceu 3,2%, depois da modesta taxa de 0,8% do ano anterior, marcado por quebras de safra e problemas como a febre aftosa. A indústria avançou 3% e o setor de serviços, 2,4%. Por segmentos, os principais crescimentos foram da indústria extrativa mineral (5,6%) e da construção (4,5%). No caso da extrativa, o crescimento havia sido de 10,9% no ano anterior e desacelerou, basicamente por conta do menor crescimento do setor de petróleo, com paradas de produção de plataformas.

O IBGE divulgou, ainda, que a economia cresceu 2,2% no primeiro semestre e 3,5% no segundo, com destaque para o último trimestre, que cresceu 3,8% sobre o mesmo período de 2005 e 1,1% ante o trimestre anterior.

O economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Estêvão Kopschitz acredita que o resultado do fim do ano pode influenciar e dar 'mais ânimo aos agentes econômicos' para 2007. Ele não espera, entretanto, que seja possível alcançar um crescimento de 4,5% ou 5% este ano. 'Seria bem difícil', comentou.

NOVA METODOLOGIA

Os resultados do PIB divulgados ontem terão prazo de validade de menos um mês. Em 28 de março, o IBGE vai divulgar novo cálculo do PIB, que usará nova metodologia. Também serão divulgados os valores do PIB. Além das mudanças, que deverão alterar os resultados de 2006 e de anos anteriores, sairá a taxa de investimentos do ano passado, que, segundo analistas, deverá avançar dos 19,9% em 2005 para perto de 20,5%.