Título: BC vê aceleração do crescimento
Autor: Freire, Gustavo e Fernandes, Adriana
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/03/2007, Economia, p. B4

Um dia após o Comitê de Política Monetária (Copom) cortar os juros em 0,25 ponto porcentual, o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, afirmou que o crescimento econômico está se acelerando. ¿Os indicadores antecedentes mostram uma aceleração do crescimento neste primeiro trimestre do ano¿, afirmou, ao deixar um café da manhã com o presidente da Alemanha, Horst Köhler, em visita ao Brasil.

Para alguns analistas do mercado financeiro, o aquecimento da atividade econômica foi o principal motivo de a taxa de juros ter sido reduzida em apenas 0,25 ponto porcentual na reunião do Copom da quarta-feira. ¿O Banco Central costuma olhar o comportamento da atividade econômica como um indicador do movimento futuro da inflação¿, disse um economista. Os sinais de um crescimento mais acelerado foram reforçados com a divulgação na semana passada do resultado do Produto Interno Bruto (PIB) de 2006.

Embora o resultado do ano tenha sido baixo - apenas 2,9% - o PIB apresentou uma expansão de 1,1% no último trimestre de 2006 em relação aos três meses anteriores. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, chegou a comentar que esse resultado correspondia a uma taxa anualizada de crescimento de 4,4%. ¿O dado do IBGE veio forte¿, disse um analista de mercado. Os indicadores de comportamento do comércio varejista também têm chamado a atenção. ¿As vendas do comércio têm crescido a taxa elevadas¿, comentou uma fonte da área econômica do governo.

REVISÃO

Com base nesses dados, muitos analistas começaram a revisar para cima suas projeções de crescimento do PIB para este ano. Na terça-feira, o Instituto de Pesquisa Econômica (Ipea) aumentou sua projeção de 3,6% para 3,7%. O destaque foi que a mudança veio acompanhada de uma elevação na previsão de aumento da taxa de investimento de 7,4% para 8%. ¿O crescimento do investimento é fundamental para garantir um aumento da nossa capacidade de crescer¿, comentou um analista de mercado.

Outro dado positivo é que, até o momento, a indústria não tem dado sinais de esgotamento da sua capacidade produtiva. ¿Os indicadores de uso da capacidade instalada da indústria estão bem comportados¿, disse um analista.

O próprio presidente do Banco Central ressaltou esse ponto durante uma audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal, na semana passada. Ele ressaltou, entretanto, que alguns setores da economia já estão com seus indicadores de uso da capacidade instalada em níveis máximos. Um desses setores, segundo ele, é o de metalurgia.

Companheiro de Meirelles no café da manhã com o presidente da Alemanha, ontem, o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, disse que o Brasil precisa chegar ao último trimestre deste ano com a economia crescendo a uma taxa anualizada de 5%. Dessa forma, a economia brasileira, disse o ministro, conseguiria entrar em 2008 expandindo-se no ritmo projetado pelo governo no lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), em janeiro.

Furlan admitiu, entretanto, que o crescimento médio da economia neste ano ficará abaixo dos 5%. Para 2007, a expectativa do governo é de que a economia alcance um crescimento de 4,5%.