Título: Crescimento da produtividade no País duplicou em três anos
Autor: Brandão Junior, Nilson
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/04/2007, Economia, p. B3

Os novos dados do Produto Interno Bruto (PIB), revelados a partir dos ajustes metodológicos adotados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indicam que a produtividade no País está crescendo mais do que o estimado anteriormente.

Um cálculo feito pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostra que o crescimento duplicou nos últimos três anos, na comparação entre o que era constatado e o que revelaram os novos dados. Ainda assim, a produtividade continua avançando bem menos do que em outros países.

A conta preliminar foi feita pelo economista Samuel Pessôa, a pedido do Estado, e mostra que a velocidade de crescimento anual passou de 0,5% para 1% nos últimos três anos. Embora a notícia seja positiva, outros emergentes como a Índia, crescem a taxas superiores.

Em linguagem simplificada, aumentar a produtividade significa a capacidade que um país tem de produzir mais do que vinha conseguindo com a mesma utilização de capital e de trabalho.

Os novos dados mostram que o PIB brasileiro estava crescendo a um ritmo mais forte (praticamente 0,6 ponto porcentual acima de antes), com uma proporção de investimentos dentro da economia menor que o calculado anteriormente.

Outra evidência é que a taxa de investimentos dentro do PIB estava num patamar entre 16% e 17%, enquanto pela série antiga o indicador rondava a faixa dos 20%. Com base nos números antigos, os economistas diziam que a taxa de investimentos do País deveria ser de 25% do PIB para a economia crescer de forma sustentada em pelo menos 5% ao ano. Agora, estima-se um patamar inferior.

'Se a produtividade está maior, é possível alcançar um crescimento sustentado com menos do que esta taxa', diz Pessôa. Ele arrisca que seria possível crescer de forma sustentada com uma taxa de investimentos entre 22% e 23% como proporção do PIB.

Pessôa explica que ocorreram alguns avanços nos últimos anos, como a Nova Lei de Falências, início da reforma tributária, ajustes na microeconomia, oferta maior de crédito, além da própria estabilidade e o ajuste externo. 'Mas é preciso avançar nas reformas', diz o economista, citando a tributária, a trabalhista, melhoria na escolaridade e microeconomia.

O professor da Fundação Dom Cabral Carlos Arruda comenta que a produtividade está crescendo de forma agregada no PIB, mas não disseminada. 'Assim, empresas brasileiras, principalmente do setor têxtil, se esforçam para investir em máquinas e equipamentos mais eficientes, mas não há, contudo, crescimento da produtividade na mão-de-obra.'