Título: 'Não há retrocesso', diz secretário
Autor: Veríssimo, Renata
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/05/2007, Economia, p. B8

O secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Meziat, discorda das avaliações de que a balança comercial está passando por um 'retrocesso', tornando-se mais vulnerável, e atribui a queda de participação dos produtos manufaturados na pauta exportadora brasileira ao forte crescimento das vendas de produtos básicos.

'As exportações de manufaturados não estão perdendo fôlego. Os básicos é que estão tendo um crescimento muito acelerado', argumenta. Ele também considera 'uma meia-verdade' a avaliação de que a balança comercial brasileira tem sido sustentada pelos altos preços das commodities no mercado internacional.

O secretário afirma que está havendo uma recuperação dos volumes exportados. Em 2006, as vendas externas cresceram 12,5% em receita, como resultado do aumento de preços, e 3,3% em quantidade. No primeiro trimestre deste ano, a expansão das exportações fruto das elevações de preço foi de 9,2% e de 5,7% em volume. Para Meziat, o desempenho de 2006 foi um ponto anormal, fora da série histórica dos últimos anos. 'Em 2007, está havendo uma retomada da quantidade exportada, o que é mais saudável porque finca uma estaca nos mercados', disse.

ESTÍMULO

Segundo os dados do ministério, as exportações de manufaturados cresceram 11,6% no primeiro quadrimestre, índice menor que o das exportações como um todo, que foi de 16,8%. De outro lado, as vendas de produtos básicos subiram 27,9%. Meziat destaca que o aumento das vendas de manufaturados, no entanto, supera a estimativa do ministério de expansão das exportações para este ano, de 10,9%. Entre os produtos de valor agregado com vendas externas em alta, Meziat cita máquinas e equipamentos, aviões e automóveis.

O secretário afirma que, dentre as preocupações do governo, está a de estimular as empresas a agregar valor aos seus produtos. 'Isso está acontecendo em certa medida', disse. Segundo ele, o setor de calçados, por exemplo, remodelou sua produção e, 'em vez de copiar os chineses', está produzindo sapatos de melhor qualidade e diferenciados. Com isso, as empresas estão tentando compensar a queda das exportações em volume. No primeiro quadrimestre, as vendas externas de calçados caíram 4% em relação ao mesmo período de 2006. Houve uma redução de 8,1% em volume e um aumento de 8,6% em preço.

'Eu olho para o Brasil e vejo que as exportações são extremamente positivas. Não vejo essa vulnerabilidade na balança comercial', afirma, em relação às análises de especialistas em comércio exterior. 'Os ganhos que tivemos vieram para ficar. Não vejo que possa ocorrer uma modificação do quadro de uma hora para outra.' Meziat não faz previsões de crescimento das exportações para os próximos anos, mas aposta em que o cenário continuará positivo para o Brasil.